... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O castigo de viver é perder amores...


"A morte é incompreensível, injusta, e a dor que ocasiona aos que sofrem a perda de um ente querido é, sempre, tão grande e tão profunda que a própria vida parece ter ido embora com a pessoa morta. O mundo se ensombra e nada do que nos importa tem mais valor. (...) A morte de um ser amado nos joga nesse território do sem sentido, ali onde não habita palavra alguma que possa explicar, ainda que de um modo desajeitado e incompleto, o que aconteceu." Gabriel Rolón 



A notícia chega, controlo minha emoção e falo normalmente, numa falsa personagem estereotipada de equilíbrio. Desligo o telefone completamente chocada, despenco no sofá e deixo rolar meu pranto para lavar todo embotamento de uma alma castigada. 

Perdemos a guerra, nosso Soldado mais corajoso e mais preparado acaba de cair...

Sinto o punhal cravar em meu peito, para que essa dor nunca mais passe. Mais sofrimento e dor. A vida não pára de ser injusta nunca ?

Não tenho mais nada, só rancor e muita raiva da vida... Mais um luto.

Então, o castigo de viver é ter que enterrar os que não conseguiram suportar a existência da hipocrisia. 

sábado, 23 de março de 2013

A insatisfação sexual...


"Nunca a sexualidade foi tão livre e nunca a ciência progrediu tanto na exploração do corpo e do cérebro. E, entretanto, nunca o sofrimento psíquico foi tão vivo: solidão, ingestão de psicotrópicos, tédio, cansaço, dieta, obesidade, medicalização de cada minuto da vida. (...) Quanto tempo? Quantos parceiros em uma vida, uma semana, um único dia, um minuto? Nunca a psicologia do condicionamento e da alienação sexológica ou promíscua foi tão insinuante quanto hoje. A ponto de assistirmos agora a uma amplificação de todas as queixas. Pois, quanto mais se prometem a felicidade e o ideal de segurança, mais persiste a infelicidade, mais aumenta o risco e mais as vítimas das promessas não cumpridas revoltam-se contra aqueles mesmos que os traíram." 
Elisabeth Roudinesco



Não há mais a valorização do diálogo, da união genuína, da família e do companheirismo. A desconfiança tomou conta dos relacionamentos, devido a corrida sistemática do sexo corriqueiro e promíscuo. As crises normais dos relacionamentos que serviam para valorizar a união e fortalecer o amor, agora, são motivos para as separações. 

Não há mais cumplicidade e, somente o egoismo de viver apenas o que é efêmero. Homens buscam no sexo todas as suas frustrações e inseguranças, numa cobrança torturante de assiduidade sem se preocupar com os sentimentos de suas parceiras. 

Insatisfeitos com sua insegurança, vivem criando fantasias e amortecendo sua ansiedade na infidelidade. Por isso, desconfiam das parceiras estáveis para justificar sua incompetência em lidar com a verdade. Como a mentira é sua fonte de defesa, abandonam a família em busca das aventuras sexuais pervertidas recepcionadas por outras solitárias desesperadas pela segurança.

Entretanto, como tudo que é impulsivo traz novamente o descontentamento e a insatisfação, o ciclo se repente. Mas, com isso feriu suas vítimas e perdeu a família criando rancores e sofrimentos.

sábado, 16 de março de 2013

Sofrer não é uma opção...



Como esquecer ?


"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te."William Shakespeare




Mudei alguns móveis, os que restaram fiz uma revolução trocando de lugares, decorei com mantas indianas coloridas, troquei as fotos dos portas retratos, tudo para que a casa não lembrasse mais nada de você. 

Troquei as roupas de cama, os travesseiros e limpei tudo que pudesse conter o seu cheiro ou me trouxesse aos nossos momentos. Rasguei as minhas cartas que você deixou para trás. Não havia cartas suas porque nunca as escreveu.

Mudei de hábitos, cultivei os mais graves de todos os seus defeitos e alimentei um ódio feito um mantra de todos os dias. Eu precisava desesperadamente esquecer você por tudo de tanto mal que me causou. Somente, restou ressentimentos.

Tornei-me mal-amada e amargurada, perdi minha alegria de viver e toda vaidade que restava, envelheci abruptamente, engordei, parei de cuidar da saúde e vegeto como uma alma penada na escuridão da solidão.

Porém, tudo foi em vão porque não consigo esquecer você. E, hoje choro todas as noites no meu leito vazio e frio, questionando apenas, por quê ?

sábado, 9 de março de 2013

Amor genuíno...




“O verdadeiro amor está na doação no que não têm para alguma pessoa que não te quer” Lacan










segunda-feira, 4 de março de 2013

A verdade cobra seu preço...

"A gente afunda no poço e nada nos protege do assédio da verdade" Virgínia Woolf


Por mais que eu me isolasse, vivendo no meu exílio emocional forçado, evitando as pessoas do convívio passado, não havia como evitar as notícias e as verdades reveladas. A cada comentário, todo o sofrimento voltava numa intensidade de mágoas que afogava meu pranto. 

Era um poço sem fundo, em que o passado me rondava e a desilusão se fazia presente. Aquele fardo tão pesado me estafava os sentimentos. E, não havia como fugir da implacável da verdade. 

Verdades cruéis, doravante negadas que me condenavam a total impotência. Verdades que me sufocava e marcava minha carne por terceiros alheios ao meu relacionamento. Verdades que me levaram ao fracasso. 

Contudo, o peso de cada descoberta torturava meu âmago, numa angústia permanente sem qualquer esperança na mentira. Eu era uma idiota por confiar em alguém que nunca conheci de verdade e me apunhalou pelas costas, na mais concreta prova de covardia. 

A dor e sua patologia...


"O histérico é como o poeta: finge que é dor a dor que deveras sente. Não é o sujeito que é simulador. É a própria estrutura da histeria que pode simular qualquer patologia." Antonio Quinet

domingo, 3 de março de 2013

A procura...



"Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.


Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele." 
Clarice Lispector

Todo o desamparo era a certeza do abandono...



"Tenho certeza que estou ficando louca de novo: sinto que não posso passar por outra daquelas fases terríveis. E não irei me recuperar desta vez..." 
Virgínia Woolf







Era uma sensação terrível de impotência que me paralisava a concentração, como se houvesse uma sombra negra sempre presente que atormentava minha alma. A vergonha do fracasso, a luta perdida por anos no enfrentamento da melancolia me ardia o peito, sobrecarregado de mágoas e àquela dor persistente nunca me deixava. 

Durante os dias o cansaço era insuportável, e nas noites eu florescia na solidão dos meus desabafos mudos. Não conseguia, suportar as mínimas atividades ou responsabilidades que fossem. Qualquer trajeto fora de casa era tão árduo e pesado que se esvaiam minhas forças. Mais, uma tentativa sem êxito e me culpava cada vez mais pelo transtorno da depressão. Procurava caminhos diversos, a fim de não encontrar pessoas conhecidas. As contas não paravam de chegar, a humilhação da mendicância me tirava a dignidade. 

O isolamento na caverna escura da solidão era minha segurança. Já não havia qualquer possibilidade que fosse suficiente para amenizar todo àquele sofrimento contido na iminência da loucura. Talvez, a loucura seja a defesa mais lúcida para suportar a insatisfação e o vazio deixado pela desilusão. Nada preenchia o vácuo deixado ao lado esquerdo da cama, ora compartilhada no pretérito mais que perfeito. O presente inexistia e tampouco, haveria futuro.

Todo o desamparo vivido era a realidade de que eu estava sozinha, sem ninguém nesse mundo. Tudo estava do avesso. Nada mais valia a pena...