... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

domingo, 21 de agosto de 2016

O desamparo...




O que mais me angustiava não era a solidão em si, pois gostava da minha individualidade e do silêncio depois de um dia de trabalho. Poder estar a vontade com minha aparência descuidada e não me preocupar com as roupas íntimas de algodão. Ademais, havia mais tempo para ler os livros da minha biblioteca, ouvir as músicas prediletas e me dedicar à arte da pintura ou escrever meus poemas. Mas, era o desamparo nos momentos de doença sem ter alguém para me dar a mão nas dores; medir minha temperatura na febre; ministrar os medicamentos e me preparar um chá ou sopa quando minhas forças se reduziam ao leito. Eu estava preparada para me bastar. Entretanto, não sabia perder.




 

domingo, 14 de agosto de 2016

A vida em branco...




"Volta e meia, ela percorre os caminhos do passado em pensamento sofrendo pelas injustiças sofridas sem direito de defesa. Seu pranto a paralisa pela incompreensão da ingratidão impingida e assim, ela mergulha na angústia. Condenada à prisão de suas dores a vida em branco."



quinta-feira, 11 de agosto de 2016

A ausência...



"A angústia surge do momento em que o sujeito está suspenso entre um tempo em que ele não sabe mais onde está, em direção a um tempo onde ele será alguma coisa na qual jamais se poderá reencontrar."  Jacques Lacan

Ao longe escuto sua súplica tímida e murmurante ao pai para vê-lo, quando na verdade queria estar participando da vida festiva daquele sexagésimo aniversário. Em sua solidão pela ausência paterna não consigo preencher esse vazio que o angustia e ele sai em busca de algum encontro. 

Na volta, seus olhos úmidos e mareados apontam seu desapontamento pelo esquecimento do afeto que o tempo cumpriu em afastamento deixando-lhe a falta. Já não há mais compartilhamento das datas em momentos especiais e nem a possibilidade de remotas viagens. 

A saudade da convivência batuca em seu peito apertado na busca do acalanto e ele adormece em minha cama na esperança onírica das memórias afetivas. Mesmo em vão tenta sentir o cheiro da proteção dissipada em novo rumo. 

E, sente-se desamparado e esquecido me despejando sua frustração pelo rompimento dos laços desfeitos.

O Espelho

Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.
A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.
Mia Couto, in "Idades Cidades Divindades"