... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mulher às avessas, Buarqueana...

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Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
(Atrás da Porta - Chico Buarque)


"O Homem para Lacan é um imbecil, literalmente, porque ele faz dupla referência fálica. Ele só pensa com o gozo fálico, seja com o Falo simbólico, seja com o Falo imaginário, porque ele cria uma estranha fantasia de que eles se relacionam, de que um representa o outro, e de que há uma equivalência fantasmática ao pênis. (...) Então, quem faz o Homem se confrontar com o heteros da discórdia, com a diferença sexual, com o sexo que não é seu? É uma mulher. Por isso que Lacan diz que ela é uma 'idiota', pois ela inventa a sua diferença, quando ela poderia, talvez, reinar sozinha porque ela vai ao Homem e mostra ao Homem que existe algo que não é fálico. (...), o Homem tem uma mulher como sintoma, então heterossexual é quem ama as mulheres" (Antônio Sérgio Mendonça, in Lacan com Freud: A cultura e o mal-estar civilizatório)



Ninguém foi mais íntimo no âmago dos sentimentos femininos do que Chico Buarque, quebrando o paradigma Freudiano sobre as mulheres. Chico sabe exatamente o que quer uma mulher, mesmo diante do binômio Lacanianamente impossível, ser Amada e Desejada simultaneamente.

Assim, essa Mulher Buarqueana, tão bem interpretada por Elis, não acredita; estranha e duvida que aquele homem lhe diga adeus. Pois, ela esquece da diferença; enquanto que o homem dá amor para conseguir sexo e, preenchido da falta, irá buscar outras para se satisfazer.

No auge da dor e do sofrimento pelo abandono, a Mulher, encolerizada, o agride, xinga, mas totalmente indefesa se vê  às avessas...

"Nunca fui capaz de responder à grande pergunta: o que uma mulher quer?" Freud