... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Depressão o corpo fala...

A depressão é uma doença grave e, pode está associada à várias enfermidades, sejam as auto-imunes ou até casos como câncer. É como se o corpo expressasse todo o sofrimento acumulado na mente.




"Qual a relação das doenças clínicas e a depressão?

Quando adoecemos experimentamos diversas emoções: medo, raiva, tristeza e depressão. Essas emoções são capazes de ativar áreas cerebrais, com liberação de neurotransmissores e hormônios, e consequente geração de respostas somáticas. O hipocampo exerce importante função relacionada ao comportamento e apresenta íntima relação com o sistema imunológico. As relações entre a amígdala e o hipotálamo estão intimamente ligadas às sensações de medo e raiva. Enquanto a amígdala é responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo, pelo reconhecimento das expressões faciais de medo e respostas às ameaças e ao perigo, o hipotálamo está relacionado à raiva, que se manifesta basicamente por comportamentos agressivos. A tristeza e a depressão estão relacionadas ao sistema límbico que é um complexo de estruturas cerebrais que constituem o principal centro das emoções. A Medicina Nuclear tem nos revelado dados importantes sobre a neuroquímica cerebral. Os estudos realizados com SPECT (tomografia computadorizada de emissão de fóton único), que medem o fluxo sanguíneo e os níveis da atividade cerebral, revelam que quando o sistema límbico está hiperativo o sujeito é afetado por sentimentos de negatividade e depressão. Isso ocorre porque o sistema límbico armazena todas as lembranças carregadas de emoções boas ou ruins que o indivíduo vivenciou durante toda a vida, e se esse sistema está hiperativo a pessoa tende a interpretar eventos neutros ou até mesmo os eventos positivos através de um filtro negativo. O sistema límbico é responsável também por outras funções significativas como, por exemplo, a motivação, o desenvolvimento de ligações afetivas e contatos sociais. Por isso, é comum a pessoa deprimida sentir-se desmotivada para atividades que antes eram prazerosas, e apresentar uma tendência ao isolamento.

É fato que a síndrome depressiva está presente concomitantemente a quase todas as patologias clínicas crônicas (exemplo: infarto do miocárdio, dor, doença arterial coronariana, doença pulmonar obstrutiva crônica, tabagismo, diabetes, câncer, demência, incontinência urinária, hipo ou hipertireoidismo etc).

A associação de depressão e doenças clínicas ocasiona piores evoluções, menor adesão ao tratamento, pior qualidade de vida e maior morbidade como um todo. Apesar disto, a depressão ainda é subdiagnosticada. Isto ocorre por diversos fatores entre os quais podemos citar a ênfase nos sintomas somáticos em detrimento das queixas cognitivas e afetivas; o medo de estigmatizar o paciente com um diagnóstico psiquiátrico; os sintomas físicos apresentados serem comuns à depressão e as condições clínicas (ex: fadiga, diminuição de apetite, dores, alterações do sono e perda de peso; irritabilidade); ausência de treinamento e habilidade dos profissionais para lidar com os transtornos psiquiátricos, dentre outros." 
(Dra. Kátia de Vasconcellos Mathias, Médica Psiquiatra)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Desabafo de uma mulher torturada...

“... o próximo não é somente um possível auxiliar ou objeto sexual, mas uma tentação para satisfazer nele a agressividade, explorar sua força de trabalho sem ressarci-lo, usá-lo sexualmente sem seu consentimento, despojálo de seu patrimônio, humilhá-lo, infligir-lhe dores, martirizá-lo e assassiná- lo”
(FREUD in O mal-estar na civilização)



"Era um frio seco e minha alma desamparada caminhava ao esmo num cenário disforme e monocromático. Meus pedaços iam caindo um a um, a mão esquerda depois a direita, o braço esquerdo em seguida o direito, ambos os seios espatifaram no chão, minha carne se desfiava em tiras feito palha, meus cabelos saíam em chumaços embaraçados, se despencavam os dentes, o nariz juntamente com as orelhas, até não sobrar nada de mim, apenas a alma catando todos os restos temendo me perder de vez. Rastejante em juntar os meus cacos deparo-me com meu algoz, o carrasco da minha dor e mentor do meu sofrimento.

Aquele frio seco na espinha fragilizada pelo peso insuportável de mim mesma refletia o seu olhar sádico a me espreitar na tocaia engendrada para sempre me despedaçar. O ódio explícito daquele homem quase desconhecido me condenava às dores profundas, donde meus gritos agudos desesperados eram inaudíveis. Meu ânus sangrava temendo violação, enquanto o cruel demônio se satisfazia em me torturar pela simples ameaça gélida em me liquidar.

Seu cheiro mofado me nauseava em vômito jorrante com gosto ocre do cobre oxidado de pavor, pelas mordidas ferozes do maldito desgraçado que me arruinara a alegria de viver. Deixando-me estática sem poder me defender dos abusos. Atônita minha urina escorre pelos tocos de pernas formando uma poça de sangue carmim maculando o cinzento ambiente daquele cárcere privado de sentimentos. Porém, foi suficiente como uma explosão para que eu acordasse e voltasse a consciência de que tudo terminou. Apenas, restaram as memórias vitimadas do pior dos predadores, o perverso que dormia ao meu lado." 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dislexia


"Hoje as pessoas que não podem ver dispõem de tecnologia que as auxilia a viver em um mundo programado para a escrita e a leitura. Os disléxicos, entretanto, ainda não têm seus dons suficientemente conhecidos para angariarem da sociedade uma visão mais justa de suas dificuldades, que vão mais além do que apenas as letras. Entretanto, seu mundo mental rico e inovador acaba desvalorizado e subaproveitado na prevalência dos padrões paradigmáticos que adotamos há gerações.

(...)  

A dislexia é um dom! É assim que Ronald D. Davis a define[1]. Um talento latente, que muitas vezes se apresenta sob a forma de transtorno de aprendizagem. Seus efeitos, entretanto, vão além de problemas com a leitura e a escrita, envolvem desorientação e algumas vezes problemas com a matemática. Com grande freqüência está associada ao Transtorno de Déficit de Atenção (TDA). Mas o que todos costumam observar é que o disléxico tem “uma falta de jeito”. Isso, em verdade, é a face externa de algo muito especial.

O transtorno na aprendizagem é apenas um aspecto da dislexia. A genialidade de muitas pessoas famosas que são disléxicas, não ocorreu apesar da dislexia, mas por causa dela. A mente do disléxico funciona do mesmo modo que a mente do grande gênio. O fato de terem um problema com leitura, escrita, ortografia e matemática não significa que sejam burros. A mesma função mental que produz um gênio pode também produzir esses problemas. A função mental que causa a dislexia é um dom, uma habilidade natural, um talento.

Assim, a dislexia é resultado de um talento perceptivo. Os disléxicos são altamente conscientes do ambiente ao seu redor. São mais curiosos do que a média. Pensam, principalmente, através de imagens, em vez de palavras. São altamente intuitivos e capazes de muitos insights. Pensam e percebem de forma multidimensional, utilizando todos os sentidos.

A dislexia não é resultado de uma lesão cerebral ou nervosa. Também não é causada por uma má formação do cérebro, do ouvido interno ou do globo ocular. A dislexia é produto do pensamento e uma forma especial de reagir a um sentimento de confusão que aparece quando o disléxico entra em contato com palavras que não podem ser “vistas” como imagem.

O disléxico pensa com imagens, como em um filme. Por isso, palavras que descrevem coisas reais, não causam muito embaraço a ele. É impossível a um pensador não verbal pensar em palavras cujos significados não possam ser representados em imagens, como os artigos definidos "um" e "uma". Ler uma frase que contenha palavras que não podem ser representadas por imagens causa sintomas nos diléxicos, como tontura, desconforto, confusão. A pessoa fica desorientada. Isso significa que a percepção dos símbolos se altera e se distorce, de modo que ler ou escrever se torna difícil ou impossível.

Ironicamente, essa alteração da percepção é precisamente o mecanismo que os disléxicos consideram útil para reconhecer objetos e situações da vida real em seu ambiente antes que começassem a aprender a ler. Orientação significa saber onde você está em relação ao seu ambiente. Os seres humanos se orientam visualmente olhando o mundo com os dois olhos. O cérebro compara as duas imagens e usa a diferença entre elas para formar uma imagem mental tridimensional. Esta técnica é conhecida como triangulação. O ponto exato a partir do qual você percebe visualmente não está na lente dos seus olhos, porque estes são dois pontos diferentes. Na verdade trata-se de uma tela mental no cérebro. As pessoas têm a impressão de estar olhando o mundo a partir de algum lugar atrás de seus próprios olhos.

David ensina que há um ponto mental de percepção a que ele chama de “olho mental”. A desorientação é comum. Ocorre a todos nós quando estamos assoberbados por estímulos ou pensamentos, ou quando o cérebro recebe informações conflitantes dos diversos órgãos dos sentidos e tenta correlacioná-las. Sempre que a desorientação ocorre, todos os sentidos, exceto o paladar, são alterados.

Embora a desorientação seja comum, para os disléxicos ela é vivida bem mais além do que o habitual. Eles a usam em um nível inconsciente, a fim de perceberem multidimensionalmente. Alterando seus sentidos, são capazes de experimentar múltiplas visões do mundo. Podem perceber objetos a partir de várias perspectivas e assim obter mais informações do que outras pessoas.

Durante a primeira infância eles encontram uma forma de acessar a função cerebral da desorientação e a incorporam aos seus processos de pensamento e recognição. Os disléxicos não se dão conta do que ocorre durante a desorientação porque ela acontece depressa demais. Ela é útil quando é preciso resolver um problema de forma criativa, mas atrapalha muito no caso do uso da linguagem. Quando o disléxico precisa lidar com objetos concretos, ela é uma facilidade, mas atrapalha e causa confusão quando a linguagem verbal é o foco.

À medida que aprende a ler as confusões se amontoam. É como se ele não visse mais o que está escrito na página e sim o que ele imagina que esteja escrito. Como o símbolo não é um objeto e representa somente o som de uma palavra, que designa um objeto, ação ou ideia, a desorientação não auxiliará em sua recognição. Como o símbolo não é reconhecido, o disléxico cometerá um erro. Esses erros são sintomas primários da dislexia.

O problema para os disléxicos, na leitura, são as “palavras gatilho”: se o disléxico vai ler a frase “o cavalo pulou o muro”, já na primeira palavra a desorientação vai surgir. Isso ocorre porque “cavalo”, “pulou” e “muro” podem ser visualizados, mas “o” não tem representação visual nenhuma e deixa o disléxico confuso, atrapalhando a leitura, a memorização e a compreensão.

As desorientações da infância começam a causar erros. A criança se sente frustrada. Desenvolve “soluções” para os seus problemas, como a “Cantiga do Alfabeto”, mas elas se tornam recursos compulsivos. Não resolvem o problema. Produzem, apenas, alívio temporário.

Esses, entretanto, não são problemas sem solução. É possível ao disléxico encontrar seu ponto ótimo de orientação. Um profissional da área da psicopedagogia pode auxiliar bastante. Atestar a dislexia também é importante, pois possibilita o acesso à legislação que garante apoio aos disléxicos, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/1996, a Lei 8.069/1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente e a Deliberação do Conselho Estadual da Educação 11/1996. No Brasil, atualmente, a Associação Brasileira de Dislexia realiza exames, atesta a dislexia e tem auxiliado crianças e adultos a compreenderem melhor o quanto são especiais. Justamente por constituírem um conjunto privilegiado de mentes inovadoras e criativas é que precisam ver reconhecidos seus dons.


[1]DAVIS, Ronald D.” O Dom da Dislexia” , Rio de Janeiro: Rocco, 2004"

Por Laura Frade

Fonte: http://www.conjur.com.br
Respeito às diferenças
Só pode advogar quem sabe ler e escrever?
Laura Frade é advogada, doutora em Sociologia e mestre em Ciência Política, ambos pela Universidade de Brasília (UnB).



Depressão...

Preocupante e considerada uma doença que acarreta uma percentagem significativa de afastamento laborativo, assim como de forma grave pode chegar até ao suicídio, trata-se de uma questão de Saúde Pública. Portanto, requer tratamento incluindo psicofármacos.


Depressão x Tristeza e Luto
Por: Dra. Salma Rose Imanari Ribeiz

Atualmente é bastante comum ouvir no dia-a-dia que alguém está "deprimido". O uso da palavra depressão se popularizou. Mas, afinal, o que é realmente depressão?

Para entendermos o que é depressão é importante esclarecer as principais diferenças entre depressão, tristeza e luto.

Tristeza e luto são reações normais a determinadas situações ou perdas. Portanto, apresentar tristeza e entrar em processo de luto após um acontecimento marcante (por exemplo, a perda de um ente querido ou o término de um relacionamento) pode ser uma reação normal, esperada e até mesmo saudável - desde que ocorra em período e em intensidade limitados. Tristeza e luto tendem a resolver espontaneamente na maioria das vezes.

Por outro lado, depressão é uma doença mental caracterizada por tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa ou baixa autoestima, alteração de sono ou apetite, perda de energia e alteração da concentração. O humor deve ser deprimido na maior parte do dia durante pelo menos duas semanas consecutivas.

A depressão pode ocorrer em pessoas de qualquer sexo, idade e nível de escolaridade ou socioeconômico. Além disso, há diferentes níveis de gravidade de depressão, podendo ser leve, moderada ou grave. Pode se tornar crônica ou recorrente, causando grande dificuldade para o indivíduo lidar com as tarefas da vida diária.

É importante destacar que a depressão não faz parte do curso normal da vida e que pode causar prejuízo no funcionamento do indivíduo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é a principal causa de invalidez que acomete o indivíduo (medido por anos vividos com incapacidade).


Informações Gerais sobre Depressão (OMS)
- É muito comum, afetando cerca de 121 milhões de pessoas em todo o mundo.
- Pode ser diagnosticada e tratada na atenção primária.
- Menos de 25% dos afetados têm acesso a tratamentos efetivos.


A média de idade para início da depressão é o final da segunda década de vida, mas pode começar em qualquer idade (APA, 2006). O indivíduo com depressão pode apresentar sintomas depressivos com ou sem sintomas ansiosos associados:

a. Principais sintomas depressivos: desânimo, tristeza persistente, desesperança, apatia, perda do interesse/prazer em atividades anteriormente prazerosas (como hobbies), choro fácil, irritabilidade, pessimismo, ideias de morte, cansaço exagerado e constante, insônia ou excesso de sono, aumento ou diminuição do apetite, dificuldade para tomar decisões, diminuição da concentração, alteração da libido.

b. Principais sintomas ansiosos: preocupação intensa e desproporcional frente a fatos do dia-a-dia, apreensão constante, medo exagerado, angústia, inquietação, sudorese excessiva, sensação de taquicardia frequente.


A evolução de um episódio depressivo é muito variável em relação à sua duração. Em média, se não tratada, a depressão dura seis meses ou mais.

Muitos fatores podem influenciar a resposta ao tratamento. Mas alguns pesquisadores (de Diego-Adeliño et al., 2010) sugerem que quanto menor a duração da doença, maiores as chances de resposta ao tratamento. Dessa forma, o quanto antes se fizer o diagnóstico e o tratamento adequados, maiores as chances de se ter uma evolução favorável.

O diagnóstico deve ser realizado por médico, preferencialmente psiquiatra. Além disso, baseia-se no exame psíquico cuidadoso e história detalhada da doença, isto é, não há exames laboratoriais que possam auxiliar na elaboração do diagnóstico. Porém, exames devem ser realizados, a fim de se excluir outras possíveis doenças que podem estar causando a síndrome depressiva.

O objetivo principal do tratamento sempre será a melhora completa dos sintomas. Na maioria dos casos está indicado o tratamento com medicamentos antidepressivos e psicoterapia.

É importante ressaltar que, como em todo o tratamento com antidepressivos, existe um tempo de latência de dois a oito semanas para que os efeitos benéficos apareçam. Após a resolução dos sintomas depressivos, recomenda-se continuidade do tratamento por um período de um a dois anos para prevenir possíveis recaídas.

Portanto, tristeza/luto e depressão são diferentes e merecem abordagens diferentes. Se houver dúvida sobre estar ou não com depressão, consultar um especialista o quanto antes pode aumentar as chances de uma boa evolução e de resgatar a qualidade de vida.


Referências
1. Organização Mundial de Saúde (OMS): http://www.who.int/en/
2. Diretrizes para o Tratamento de Transtornos Psiquiátricos: compêndio 2006/ American Psychiatric Association; tradução Andrea Caleffi, . [et al.]. – Porto Alegre: Artmed, 2008.
3. de Diego-Adeliño J, Portella MJ, Puigdemont D, Pérez-Egea R, Alvarez E, Pérez V. Short duration of untreated illness (DUI) improves response outcomes in first-depressive episodes. J Affect Disord. 2010 Jan; 120(1-3):221-5.

Fonte: http://www.medicinadocomportamento.com.br/textos_temaslivres32.php