... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Superar a traição...


"A recuperação após uma traição é a mesma enfrentada para superar qualquer experiência de dificuldade emocional. É preciso falar muito sobre o assunto, de uma forma honesta, profunda e respeitosa [...]. O parceiro que traiu precisa assumir a responsabilidade pelo ato. Parte do processo inclui descobrir e entender as razões que levaram à infidelidade [...]. A pessoa precisa se desculpar e estar disposta a escutar o desabafo do parceiro sobre os sentimentos feridos para se colocar no lugar do outro. [...] quem traiu ficará cansado de ouvir como a atitude magoou o parceiro, como se estivesse sendo punido. Para a relação continuar de forma saudável, o traidor precisa aprender a ouvir, ter paciência e entender que a a traição teve uma reação. [...] é muito importante a pessoa que foi traída expressar o que está sentindo, identificar a mágoa e contar ao parceiro de forma clara e respeitosa. [...] Superar a traição é um processo que envolve 'escutar'." (Adam Blum - Yourg Tango)

A traição ainda é, um dos maiores motivos das separações e da falência conjugal. Saber lidar com essa questão, inicialmente é necessário que os parceiros sejam leais e honestos, tanto quanto a culpa do traidor, como na reflexão do traído.

Além disso, o respeito ao outro é fundamental para que exista possibilidade de resgatar a relação em momento de crise. Existindo afeto e amizade entre o casal, não somente a reconciliação é possível, como também pode reforçar os laços da união. Pois, o culpado poderá se colocar no lugar do outro e entender o sofrimento causado e, ainda, o traído perdoar o deslize da infidelidade.

Entretanto, havendo deslealdade por parte do traidor ou a continuidade de "esqueletos no armário", o sofrimento tomará proporções insuportáveis para a reconciliação. Levando então, a ruptura definitiva, dentre os consequentes danos psicológicos.

Ignorar a dor e o sofrimento alheio, além de crueldade é uma característica do narcisista que poderá culminar na transferência da própria culpabilidade, a fim de justificar sua ausência de remorso. Nesse sentido, não há como manter a união e, a separação apesar de dolorosa, é a única maneira de manter a dignidade da pessoa traída.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Seguir em frente...


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e, esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos..." (Fernando Pessoa)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A angústia pela falta do Outro...




"O indivíduo, na sua angústia de não ser culpado mas de passar por sê-lo, torna-se culpado."
Soren Kierkegaard







Já havia um longo tempo que jazia minha alegria de viver. Meu semblante insosso vagava pelas ruas sem rumo. Os dias eram frios e sombrios, sem qualquer diferença entre o crepúsculo matutino ou vespertino. Os batimentos cardíacos se alternavam de vagarosos a galopantes, sem qualquer sinal emotivo repentino. Apenas, a literatura niilista e contos pessimistas me tomavam a atenção.

Meu sofrimento já estava cansado de me castigar e, cada vez mais, era inútil lançar das pílulas delirantes que não amenizavam meu padecer. O escapismo das emoções felizes de outrora, me deixara a psiquê vazia. Esse vácuo comprimindo meu peito, latejava de dor o âmago extenuado pela falta.

Mas, a falta extirpara minha essência, o desamparo ali estava, e me sufocando as entranhas. Não sabia lidar com àquela perda, a culpa me ardia como brasa, o pranto esgotado em vista do fracasso me aprisionara a alma, agora tão angustiada e, que por vezes fora tão livre, flutuante e leve como uma pluma voando sem destino. 

Ora ! Aquela culpa à mim imputada pelo abandono do outro, não era minha, senão o significante da sua própria culpa refletida no espelho.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Casamento acabou...

"Tenho visto as pessoas tornarem-se freqüentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma desaparecer." Jung




Depositamos no casamento, expectativas de amor eterno, lealdade, amparo e formação familiar perfeita. Até que um dia nossos planos de "felizes para sempre" nos escapa pelas mãos.

Estamos aturdidas, fracassadas, deprimida e agora ?
Ora ! Olhando para trás, não estávamos satisfeitas mesmo.

Bastante comum, esse mal estar neurótico que nos causa um desequilíbrio mental,  responsável pela angústia e ansiedade. Interrompendo nossas alegrias e nos tirando a vontade de vida. Mas, se refletirmos no pensamento Jungiano mencionado acima, podemos ter esperança para essa tristeza que nos assola o âmago, nos furtando os prazeres da existência.

Em via de regra, como define Nise da Silveira, na prática dos neuróticos, os trabalhos voltados para interpretação intelectual e emocional são-lhes mais atraentes. Portanto, investir nessas atividades, talvez seja uma forma de amenizar a angústia que tanto nos rouba a paz.

Para mim, a psicanálise rasgou o véu opaco que me impedia ver as cores do mundo e, que é possível viver e interagir com o meu semelhante. Assim, considere sua criatividade, escreva seus contos de experiências vividas, procure atividades prazerosas na arte, na literatura, na poesia e jamais, esqueça da filosofia. Pois, muitas noites insones terás respostas para tamanha ansiedade.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ilusão da perfeição...

"Lou,
Se eu sofro muito é irrelevante comparado com a questão de se, cara Lou, encontrarás ou não novamente a ti mesma. Jamais lidei com uma pessoa tão Infeliz como tu: ignorante mas atilada useira e vezeira em exaurir o conhecido sem gosto mas ingênua nessa deficiência honesta e justa em questões miúdas por teimosia geralmente. Na escala maior, toda a postura para com a vida - desonesta sem qualquer sensibilidade pelo dar ou tomar sem espírito e incapaz de amar no afeto sempre doente e próxima da loucura sem gratidão, sem vergonha para com os benfeitores em particular irresponsável malcomportada rude em questões de honra um cérebro com os primeiros sinais de uma alma personalidade do gato - o predador na pele de animal de estimação nobreza como reminiscência da familiaridade com pessoas mais nobres uma vontade forte, mas sem um objeto amplo sem diligência e pureza sensualidade cruelmente deslocada egoísmo infantil como resultado da atrofia e do atraso sexual sem amor pelas pessoas mas amante a Deus necessitando de expansão ardilosa, cheia de autodomínio em relação à sexualidade dos homens.
Seu F.N." (Irvin Yalom in Quando Nietzsche Chorou)

Alfredo havia trocado a estabilidade de um casamento duradouro por uma aventura sexual extraconjugal, julgando ter encontrado a verdadeira mulher de sua vida. Com isso, pouco se importou em magoar sua companheira de anos, abandonou a família e foi viver aquela paixão, sem culpa ou remorso.

Os encontros eram perfeitos, pois Luísa era submissa e estava sempre pronta para atender todos os seus desejos e fantasias. Proporcionava-o viagens, passeios, diversão e dedicação extremada. Totalmente perfeita à tudo que Alfredo almejava de uma mulher, obediente, delicada, religiosa, uma verdadeira gueixa.

Porém, mal sabia Alfredo do passado amoroso de Luísa, cujo lazer favorito era colecionar casos com homens comprometidos e, tampouco da tendência promíscua que a levava sempre a trair seus parceiros. Com uma habilidade ímpar em mentir e se desculpar.

Talvez, Alfredo inconscientemente tentava se punir pelas tantas infidelidades que cometera em seu casamento. E, estava agora morrendo do próprio veneno. 

A demarcação do território: Os limites da raiva e do perdão



"Sob a orientação da Mulher Selvagem, resgatamos o antigo, o intuitivo e o arrebatado. Quando nossa vida reflete a dela, agimos com coesão. Persistimos, ou aprendemos a persistir se ainda não sabemos. Tomamos as medidas necessárias para manifestar nossas idéias no mundo. Recuperamos o foco de atenção quando o perdemos, ouvimos nossos ritmos pessoais, ficamos mais próximas de amigos e parceiros que estejam em harmonia com ritmos selvágicos e integrais. Optamos por relacionamentos que propiciam nossa vida instintiva e criativa. Estendemos nossa mão para beneficiar os outros. E estamos dispostas a ensinar parceiros receptivos tudo sobre os ritmos selváticos, se necessário.

Existe, porém, um outro aspecto do autodomínio, que é lidar com o que só se pode ser chamado de fúria da mulher. A liberação dessa fúria é obrigatória. Uma vez que a mulher se lembre das origens de sua fúria, ela passa a considerar que não pode parar nunca de ranger os dentes. Por ironia, também sentimos muita ansiedade para dispersar essa fúria, pois ela nos dá uma impressão nociva e aflitiva. Queremos nos apressar e nos livrar dela.

Reprimi-la, no entanto, não funciona. É como tentar guardar fogo num saco de aniagem. Não é aconselhável que nos queimemos, nem que queimemos outras pessoas. Portanto, cá estamos nós com essa emoção poderosa que achamos ter caído sobre nós sem que a chamássemos. É um pouco parecido com o lixo tóxico. Ele existe, ninguém o quer, mas existem poucos locais para depositá-lo. É preciso ir muito longe para que se encontre um terreno onde enterrá-lo (...)"


(Clarissa Pínkola Estés in “Mulheres que Correm com os Lobos”)

sábado, 6 de agosto de 2011

Ética e Caráter

Rosa ao abrir sua caixa de correio eletrônico, depara-se com a mensagem "sábia frase", enviada por Manoel, seu ex-marido. Adiante, sem fazer menção ao autor e apresentando grifos, dizia o seguinte: 

"Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. Agora, o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter."

A mensagem reenviada à Rosa, havia sido originada por Regina, a amante que provocara a separação do casal. Apesar do desconhecimento de ambos, da verdadeira autoria, tal citação chegou na tentativa de uma mensagem subliminar.

Manoel ignorava que a aludida citação era de Oscar Wilde. Mas, como falar de ética ou caráter, depois de tanto sofrimento causado à Rosa com as suas mentiras, injúrias e calúnias no desespero injustificado da traição e da deslealdade ?

Muito comum, os parceiros infiéis mentirem e, quando descobertos, depositarem a culpa da traição no outro. Não somente, Manoel manteve um caso extraconjugal como acusou Rosa de ter sido culpada pela traição, inclusive caluniando-a perante os filhos. 


Assim, Rosa respondeu: "Causar dor e sofrimento aos outros, através de atos ilícitos não há nada de ético nisso. Bem como, descumprindo normas, mentindo, injuriando e imputando culpa às suas vítimas só demonstra a ausência de caráter."

"As causas não determinam o carácter da pessoa, mas apenas a manifestação desse carácter, ou seja, as ações." Arthur Schopenhauer