... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O adolescer do meu filho...




"Se não tem um bom pai, é preciso arranjar um"

                               Nietzsche






Aquele que antes foi bebê se aninhando em meus braços, me agarrando no pescoço em meu colo, nas gracinhas cúmplices e depois, criança passou a andar sozinho, falar querendo colo ou cantando no banho.

É a fase além dos arroubos de encantamento, dos carinhos inesperados, da sede de viver brincando e cujas imitações do pai se estendem em todos os sentidos. Desde a correria ao receber o pai pelo simples barulho da chave rodando a fechadura e acabando com o suspense da volta.

As manhãs perfumadas pelo seu cheiro fronteiriço na cama ocupando espaço entre mim e o pai. Numa demarcação sutil de um espaço preenchido a me despertar pelos beijos babados querendo chamego.

Vem a adolescência, com o pudor momentâneo de vestir-se sozinho evitando minha presença. Os ombros se alargam, no rosto brotam a acne e começam os tiques, os segredos,  os complexos, as inseguranças e a busca pela liberdade. Desajeitado pelo crescimento rápido e involuntário, seus ombros arqueiam para frente, talvez pelo peso das novas conquistas, desastrado derruba, quebra e não consegue medir as distâncias, a bagunça do quarto que o sempre faz presente nas horas fora de casa, as noites em claro pela sua espera, as reivindicações caprichosas e estapafúrdias, o jeito tímido e calado por temer a crítica e, então as desilusões. 

A dor do término do meu casamento pela ausência constante do pai. O herói que não está mais perto e evapora feito poeira num ciclone, indo pra bem longe até se tornar um estranho. Donde as afinidades se esvanecem, o modelo se perde, a distância o machuca e a incerteza da rejeição o amargura. Mas, sedento da paternidade procura novos modelos entres os próximos. E, assim o amadurecimento acaba com a fantasia e, tão logo será homem marcado por cicatrizes marcantes das feridas profundas de um pai que não mais está presente. Tornando-o órfão sem luto de um pai vivo. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Metade Frida Kahlo, a outra Camille Claudel...

É uma dor aguda me paralisando os movimentos pela dilaceração da espinha. Segue crônica me roubando a vida. Assim, acometida de uma intensa crise de coluna fruto de um desequilíbrio de pensamentos somatizado em meu corpo, tão cansado que insiste em parar.

Sozinha, penso na solidão de Frida Kahlo e me sinto a própria desintegração, presa num corpo que é somente dor. 




''Eu vou mal e irei pior ainda mas aprendo pouco a pouco a ser só, e isso já é alguma coisa, uma vantagem, um pequeno triunfo.''




Daí, me vem em mente outra solitária aprisionada em suas dores, Camille Claudel. Então, seguirei em frente... 
"Lembre-se sempre que a pele se enruga
O cabelo se torna branco
Os dias se transformam em anos
Mas o importante não muda
A sua força e sua segurança não têm idade. O seu espírito é o espanador de qualquer teia de aranha
Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida
Atrás de cada engano, há outro desafio
Enquanto estiver viva, sinta-se viva
Se fizer algo diferente, volte a fazê-lo
Não viva de fotos amareladas
Siga em frente ainda que todos esperem que desista
Não deixe que se oxide o ferro que existe em você
Faça com que, em vez de pena, tenham respeito por você
Quando, devido à idade não puder correr, ande depressa
Quando não puder andar depressa, caminhe
Quando não puder caminhar, use a bengala
Mas não pare nunca!"


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Eu não sou frígida... Você que é compulsivo.

"Para ser patológico o Comportamento Sexual Compulsivo deve causar sofrimento emocional e proporcionar conseqüências interpessoais" 
Ballone GJ, Moura EC in Comportamento Sexual Compulsivo.



Sem se dar conta, Kátia era casada com um compulsivo sexual, cujas manhãs sem ter tido relação na noite anterior, era obrigada a lidar com um intenso mau humor de Juan no dejejum. 

As cobranças sexuais eram torturantes e por mais, que estivesse desejante do marido, logo se desinteressava diante das piadas maldosas e do assédio grosseiro combinado com as incessantes ameaças.

Na vida social do casal era comum ver Juan nos eventos dar investidas em outras mulheres, como também, ouvir as reclamações de algumas de que o assunto predileto do marido era somente sexo. 

Os constrangimentos seguiam... Quando Kátia era vitima de alfinetadas, indiretas e insinuações da sua frigidez. Quando era vitima das crises de ciúmes do marido, com investigações e perda da sua individualidade.

Na verdade, o ausente de afeto e amor era Juan, por conta da patologia não sabia amar e não era capaz de sentir-se amado. 

Existe uma tênue distinção entre o Comportamento Sexual Compulsivo, desde um quadro Obsessivo-Compulsivo, em que tal comportamento causa sofrimento emocional e consequentemente problemas  interpessoais, comprometendo o relacionamento familiar e as atividades ocupacionais e financeiras. Já no caso do Transtorno Sociopático ou Borderline da Personalidade, há uma sexualidade patológica, cujo apetite sexual e as fantasias sexuais ultrapassam a linha da normalidade, em que o sexo passa a ser uma gratificação pessoal, sem considerações éticas, morais e legais, desencadeando numa sucessiva busca de prazeres insaciáveis. 

Contudo, a cobrança sexual contumaz não somente causa sofrimento para quem é portador do transtorno, fantasiando desinteresse do outro e até mesmo traição. Assim como, se estende ao parceiro que é assediado provocando baixa-estima e muitas vezes acusado injustamente. 

Ademais, a ansiedade provocada pela insaciedade leva o compulsivo sexual perder a afetividade, o romantismo e procurar introduzir de fantasias sexuais na forma de perversões. Tendo em vista, que o objetivo central é apenas o sexo. 

Alguns especialistas no assunto, afirmam que um dos riscos que provocam a patologia pode advir de abuso sexual na infância, como uma maneira de compensar o desconforto, a baixa-estima e a vergonha.

Por conseguinte, uma das complicações decorrentes dos compulsivos sexuais são a incidência de lesões genitais, como contusões e uma série de doenças sexualmente transmissíveis, tais como hepatite, herpes e infecções pelo vírus do HPV ou HIV. Sendo comum, as pessoas deste comportamento se oferecerem como doador de sangue na intenção de obter exames e não levantar suspeitas. 

Cabe ressaltar, que os compulsivos sexuais apresentam dificuldades sociais sérias, criando desafetos entre os amigos e familiares por conta da perda da reputação moral. Tornando-se comum, assuntos ligados somente a sexo, causando constrangimentos com as investidas e assédio. Resultando em indivíduos com poucos amigos. 

domingo, 3 de junho de 2012

Arrogância... Fantasia da alma solitária

"Os arrogantes são os que menos conseguem conviver com a finitude, a liberdade, com a solidão e com a falta de sentido da vida. Eles se julgam imortais, eles querem ditar as regras para os outros, eles recusam o silêncio e não vivem sem os aplausos e holofotes, dos quais são patéticos dependentes. A arrogância e a falta de humor conduzem muita gente a um sofrimento que poderia ser bastante minimizado: bastaria que eles tivessem mais tolerância diante das incertezas." Martha Medeiros

 
É naquele olhar frio de Lúcio que me causa arrepios como se passasse um vento gelado pela espinha. Sempre com aquele estereótipo de superioridade em sua face estática, incapaz de expor seus sentimentos ternos. Até com os filhos ele é negativo e parece estar competindo. Aquela arrogância acabava comigo e me fazia sentir a mais inferior das criaturas... Foi assim, que Nina desabafou sua insatisfação, perante os inevitáveis encontros sociais com seu ex-marido. Lembrei-me de um livro do famoso psiquiatra  Roberto Shinyashiki, A Coragem de Confiar, em que diz: 

"O pai confiante transmite confiança aos filhos, enquanto o arrogante os coloca para baixo. O marido confiante faz a esposa se sentir amada, enquanto o arrogante a humilha na frente dos amigos. O marido que acredita em si mesmo quer ter uma mulher para amar, enquanto o vaidoso quer uma esposa para servi-lo."

Eu sabia de toda aquela arrogância dele, das vezes em que a expunha  publicamente, dos comentários de mau gosto, da agressividade gratuita diante da discordância de qualquer assunto, da maneira de se portar como  o papai-sabe-tudo e do ciúme infundado por Nina quando ainda estavam casados.  Na realidade, quem teve a perder com separação certamente foi ele. Mas, apenas expus minha opinião quanto às qualidades e virtudes dela, na tentativa de que compreendesse que não valia a pena se deixar abalar por alguém que não a merecia.

Acontece que, o arrogante tem complexo de inferioridade e para compensar essa frustração menospreza os outros que julga superior. Lançando mão de críticas para diminuir o outro, por insegurança e temendo rejeição por se sentir incapaz de ser amado.

Essa arrogância demonstra a personalidade narcisista, em que  prepotência e presunção, utilizadas nas agressões e nas grosserias são demonstrações de auto-defesa, diante da fantasia de rejeição. Podendo estar ligada a questão edipiana. Tendo em vista que, nas personalidades psicóticas há uma predominância da arrogância, curiosidade e estupidez. No sentido de que ao invés do orgulho, caracteriza a arrogância, bem como no desconhecimento há a estupidez e por fim, a curiosidade dá lugar a intrusão.

Outra relevância, da personalidade psicótica está quanto a fuga da verdade, predominando as distorções, as omissões ou as mentiras. 

Contudo, por mais que haja a necessidade em socializarmos, os arrogantes são almas solitárias e de difícil convívio. Daí, sua incapacidade de manter vínculos.

"Muitos são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não sabem, são arrogantes." Goethe