... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

domingo, 31 de julho de 2016

O algoz...

"Ele tinha uma irrecuperável mania de me fazer sofrer... E então, saciava sua sede com minhas lágrimas." C. Garcy

 


 
No jantar as emoções a sufocam, a dor ela amortece com o álcool, apesar das censuras. Enquanto ele ocupa seu lugar de destaque e poder. 

É penoso lidar com os chistes e alfinetadas dele. Sem forças para reagir ela sofre e engole o pranto. 

E, ela segue seu rumo de volta para casa desabando sentimentos pelo inconformismo das maldades.

Nem o curto telefonema dele serve para remediar seus maus-tratos. Pois, ele se alimenta da vingança sem motivos.

Nada mais faz sentido para ela, apenas os fantasmas que não consegue apagar. Mais uma noite longa condenada pela angústia.

Tudo lhe foi usurpado. Até a vida.





domingo, 24 de julho de 2016

A finitude...

"O arrependimento só é eficaz
 quando se pode reverter a vida."

  
Na penumbra da pequena sala sob o foco de luz da luminária lateral ela abre seu diário repleto de emoções passadas e começa discorrer suas angústias presentes sem esperanças futuras. Mergulhada na solidão da madrugada fria no silente descanso do mundo reflete as saudades de outrora vivida pelas alegrias. A felicidade deixada para trás ressurge apenas nas lembranças que ela insiste em escrever em seus pequenos contos para não enlouquecer diante da amargura. Lágrimas gotejadas borram as letras manchando sua história dos momentos relevantes pelo amor perdido, pelos amigos mortos e pela juventude consumida. Cansada e desamparada em plena maturidade espera sua finitude ansiosamente sem a quem dar adeus.

domingo, 17 de julho de 2016

O tempo e suas consequências...

"Viver é isso: Ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências." Sartre



O alface está quase murcho, talvez o tempo de você colher e chegar até a mim tenha desgastado seu frescor. Assim, como o tempo da nossa ausência tenha consumido nosso afeto. Mas, lavo folha por folha cuidadosamente acariciando cada uma que já começam a restabelecer seu viço e deixo-as hidratar em água fria na bacia. E, como num passe de mágica uma hora depois o alface está exuberante com as folhagens crocantes e exibidas em seu renascer.

Ah, se tivéssemos a paciência de lavar nossas mágoas e as feridas prolongadas ! Por todo tempo que nos machucou. Estaríamos agora germinando novamente o nosso amor. E, nenhuma praga ou intempere destruiria nossa horta. Porém, não fomos capazes de esperar a primavera e deixamos o inverno nos arruinar. Secamos nossos sentimentos com a estiagem, embora eu ainda guarde algumas sementes na esperança de uma nova colheita. 

Olho com nostalgia o belíssimo alface revigorado servido na solidão do jantar e um pranto contido transborda minha face lavando minhas rugas adquiridas pelo longo período separados. Sinto seu banzo e não há mais tempo de lavar sua tristeza. Pois, a terra não é mais fértil como antes e já estamos cansados para lavoura da paixão. Precisaria despejarmos todo o adubo acumulado nas estações para fertilizar o solo e semearmos a gratidão para colhermos o amor.