... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

domingo, 29 de junho de 2014

Os devaneios de uma alma atormentada...

“Por isso odeio espelhos que me revelam meu verdadeiro rosto. Sozinha, muitas vezes mergulho no nada. Preciso firmar meu pé fortemente, se não, caio do limite do mundo para dentro do nada. Preciso bater minha mão contra uma porta rija, para me chamar de regresso a meu corpo” Virginia Woolf 


Na ilusão da Paixão...

"O Ego representa o que chamamos a razão e a reflexão, enquanto o Id, pelo contrário, é dominado pelas paixões" S. FREUD



Luiz era a mais nova vítima da Paixão... 

Encantado com a nova parceira, pela possibilidade de vivenciar todos os atributos que almejava numa relação amorosa, mudou de personalidade e quem o conheceu, agora jamais o reconheceria.

Entregue aos instintos, vivenciou com a amante toda vitalidade sexual que buscava e mesmo sem perceber permitiu que ela o manipulasse, a ponto de tirar-lhe sua vaidade. Assim, passou a se vestir de maneira diferente, a mudança radical de sua aparência o fez perder seu atrativo estético, transformando-se num homem comum. 

Insegura e ciumenta, ela tirara dele sua sensualidade para não despertar desejo em outras mulheres. Passou a se assemelhar a figura do ex-marido da amante, cuja a aparência era bem envelhecida, após o descarte com a separação. 

Desta forma, ela passou a ser a prioridade na vida de Luiz, conseguindo então atenção irrestrita a ponto de afastá-lo de tudo e de todos. Agora, ele era um passional dependente, indiferente ao bem e ao mal, ao belo e ao horrível... 


E, depois da Paixão...

"O êxito de uma relação está na capacidade de investimento dos parceiros. A paixão acaba, inevitavelmente, com o convívio e as retiradas das projeções. Então entra a capacidade de se construir uma verdadeira relação amorosa, relação de gente com gente. Na paixão você não se relaciona com o outro, mas com aquilo que imagina, deseja e teme ser este outro. Projetamos no parceiro não apenas o que idealizamos, mas aquilo que não desenvolvemos em nós. É com essa imagem do outro que nos relacionamos na paixão.


[...] A conjugalidade vai além da relação parental e diz respeito a uma relação de igualdade entre os cônjuges, onde está em jogo a afirmação da alteridade. A relação parental se estabelece pelo procriar, alimentar, cuidar, etc. Mas o que caracteriza essencialmente a relação de casal é a conjugalidade. O verdadeiro casamento deve permitir o desenvolvimento das potencialidades dos parceiros e incluir desejo sexual, fraternidade, solidariedade, alguns ideais comuns, além de respeito e admiração mútuos. Assim, cada cônjuge funciona como inspirador e enriquecedor para a vida do outro." Nairo de Souza Vargas

Reflexos de imagem...

"As mulheres, durante séculos, serviram de espelho aos homens por possuírem o poder mágico e delicioso de refletirem uma imagem do homem duas vezes maior que o natural."

_________________________________________________Virgínia Woolf

Fonte: Facebook

A força do Capital nas relações pessoais...

"O que ele descobriu foi que com a aquisição do prêmio reluzente do novo sistema econômico, o dinheiro (e por extensão todas as coisas que tal capital podia comprar) se havia convertido na única força motriz da existência do homem moderno, pervertendo todos os aspectos de suas relações com as outras pessoas, e até mesmo como ele via a si mesmo. Magicamente o dinheiro permitia ao rico se tornar aquilo que bem desejasse ser: Sou  feio, mas posso comprar para mim as mais belas mulheres. Portanto não sou  feio, pois o efeito da  feiúra – seu poder de dissuasão – é anulado pelo dinheiro… Sou mau, desonesto, inescrupuloso, estúpido; mas o dinheiro é honrado, assim como seu possuidor. … Não tenho nada na cabeça, mas o dinheiro é o verdadeiro cérebro de todas as coisas, então como seu possuidor pode ser obtuso ? Além do mais, ele pode comprar pessoas inteligentes para si. … Todo esse meu dinheiro, portanto, não transforma toda essa minha incapacidade em seu contrário ?" Mary Gabriel in Amor e Capital


Àquela mulher magra e abatida, usava um vestido de tecido simples, já fora de moda sob uma jaqueta jeans e explicitava uma tristeza e solidão estampada em seu rosto lavado beirando a idade cinquentenária. Quando no meio das negociações da reunião, confessou seu sofrimento pelo divórcio, cujo ex-marido havia abandonado-a por uma mulher bem mais jovem. 

Ainda, argumentou como poderia competir com uma jovem de vinte poucos anos, longos cabelos louros, olhos claros, corpo perfeito e belíssima ? Questionou se eu conseguia me imaginar no seu lugar ? E, arrematou, respondendo: "Não, não é. Você é linda." 

Consolei-a, contando da minha separação, que se deu por conta uma mulher bem mais velha, de uma feiúra incontestável, de caráter duvidoso e sem intelectualidade alguma que pudesse se sobrepor a falta de atrativos físicos. Mas, era dissimulada e assimilara uma personagem aos moldes da submissão almejada pelos homens.

Surpresa, lançou a indagação da questão financeira e fui obrigada a concordar que o dinheiro da minha rival lhe tornara bela, interessante e conseguia apagar todos os seus defeitos. Incluindo a questão moral. Tornando assim, a competição amorosa impossível, já que eu não havia condições sócio-econômicas para proporcioná-lo viagens, restaurantes caros e a mordomia que agora usufruíra. 

Assim, estava notório que as relações amorosas e pessoais se transformaram em um negócio capitalista, em que o amor genuíno não tinha mais valor. E, nem mesmo a família tinha peso nas relações pessoais.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Um quase abraço...

"... a lembrança de uma humilhação é corrigida quando a pessoa situa os fatos nos devidos lugares, considerando seu próprio valor, etc. Desse modo, uma pessoa normal é capaz de provocar o desaparecimento do afeto concomitante por meio do processo de associação." (Sigmund Freud in Estudos sobre a Histeria)



Estico a toalha clara acariciando o tecido para dar o caimento perfeito, distribuo a louça sobre a mesa demarcando os lugares, juntamente com os talheres e taças novas para o nosso almoço em família. 

O cardápio é simples, mas ao cozinhar estou feliz e a cada ingrediente acrescido vai um pouco dos meus sentimentos de agradecimento pela união da nossa família tão distanciada por agentes externos. 

Já faz um bom tempo desde que André saiu de casa, sem olhar para trás em busca de sua nova vida inventada, em que não havia mais lugar para mim. Agora, ele ocupa um espaço no meu passado, escrito em história com capítulos doces e amargos. Mas, a ligação permanece e hoje estaremos juntos em família, talvez na tentativa de evitarmos que as dores se prolongue.

A cada aroma traz-me a lembrança de tantos almoços agradáveis do passado, aonde gostávamos de receber os parentes e amigos, sejam nas datas especiais ou nos finais de semana. Era como se aquela alegria me contagiasse novamente. 

A bebida predileta escolhida gelando para que tudo seja de bom grado, a salada de entrada preparada ao gosto do paladar dele e temperada com amor a espera da chegada interrompida pelo soar da campainha.

O almoço foi a contento sem críticas, apenas com elogios. Vejo em seu semblante a satisfação em partilhar do nosso momento. E, ao se despedir, de repente o quase abraço afetuoso interrompido pelos espinhos do remorso de tanto sofrimento pretérito. 

sábado, 21 de junho de 2014

Sem coragem de olhar para trás...

"A ansiedade diz não apenas de uma insatisfação ou incompletude interna, mas, principalmente que a pessoa historicamente perdeu o genuíno foco do interesse pessoal para as pressões externas, sejam econômicas ou pessoais. É uma espécie de protesto silencioso e interminável do organismo contra uma mentalidade que apenas fugiu de seu profundo complexo de inferioridade, o compensando com ganhos econômicos ou vaidade pessoal." Antonio Carlos Alves Araújo




A agitação de seus gestos, a ansiedade na fala que não nos permitiam a deixa do dialogo demonstrava toda a sua inquietação daquele encontro. Em nenhum momento me fitou os olhos, assim como nos raros momentos que tomei a fala prestou atenção ao que disse, me interrompendo rapidamente. 

Seus mecanismos de defesa estavam explícitos pelo incômodo da minha presença. A culpa latente do ego não disfarçou seus olhos tristes que me faziam compadecer das lembranças do passado interrompido. Naquele tempo suas inseguranças eram amenizadas pelo nosso amor. 

Hoje, sobrevivo sem as mágoas, mas tenho no peito cicatrizes das decepções que marcaram a nossa história. São sentimentos de compaixão ao vê-lo tão indefeso e distante, diante da limitação do afeto. 

Sinto pena da sua falta de mim, dos momentos que não desfrutaremos mais juntos, quando sei que ele precisará ainda mais de mim. Pois, toda a sua insegurança latente está radiografada em sua fronte. Apesar de lutar incessantemente contra o arrependimento dos impulsos errantes que se fizeram voláteis. 

Seu complexo de inferioridade ficou estampado pela insegurança que sentia em relação ao meu amor, cuja desconfiança o fez deixar-me para viver uma mentira com outro alguém que jamais o amará como eu. 

Fonte: Adler
http://antonioaraujo_1.tripod.com/psico1/portugues/Psicologia/psicologia.html

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Caminhando sem destino...

"Saudade é solidão acompanhada, 
é quando o amor ainda não foi embora, 
mas o amado já... "
Pablo Neruda



Em passos claudicantes pelos sapatos inadequados ao chão urbano retorno sem destino da labuta intensa que me esgota. Já não há você a minha espera, que vagueia em novos caminhos sem destino certo. Na minha solidão silenciosa vou percorrendo as novas ruas ao caminho incerto, enquanto você na contra-mão deixa o destino para se lançar ao inesperado.

Cada jardim percorrido, me faz lembrar você em tempos remotos em que saíamos a procura das flores furtadas, não tão raras, mas que enfeitavam nosso pequeno mundo verde com o brotar da cumplicidade das sementes germinantes.

Casais de mãos dadas transeuntes apressados passam por mim ao destino do cinema, me remetendo as poucas sessões de outrora em que compartilhamos bala de menta com amendoim,  abraçados pelo clima refrigerado ficávamos vidrados na tela para depois opinarmos sobre o filme.

Nossas lembranças tão remotas, nos fazem desconhecidos pela distância. Pois, você mudou... a aparência, a essência e até sua personalidade. Passou a não valorizar mais em sua estética. Agora, tornou-se um modelo comum sem atrair novos olhares. Talvez, na multidão não lhe reconheceria como antes, quando chamava atenção e me sentia atraída pela competição de vários olhares. 

Não há mais a nossa casa, apenas a distância sem endereço, não mais há o seu cheiro, nem objetos que me remetem você. Minha solidão de poucos dias sem você, jamais será preenchida com sua chegada. Nunca mais escutarei o tilintar das chaves abrindo a porta e trazendo você de volta. Assim como, não terei mais você a minha espera. 

Agora, com aparência diferente corre ao encontro de quem lhe apaga e lhe detém, furtando-lhe sua beleza para não ter que competir com mais ninguém.