... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"Eu sou a desintegração" Frida Kahlo















Tomei um baita tombo !
Quebrei minh’alma.

 
Alguns, não me viram.
Muitos, choraram a minha dor.
Outros, me deram a mão.

Agora, junto meus cacos...

Dentre risos e tanta alegria... Apenas, pranto e muita tristeza.

"Nada justificava tamanho sofrimento... Estar alheio à dor do outro é imoral e revoltante se você é próprio autor."



Era Carnaval, data especial para brincar de fantasias. Mas, eu amargava a presente solidão da perda, cujo ano anterior, jamais poderia imaginar tamanho sofrimento. Pois, desfrutamos juntos da alegria misturada na multidão ao som das marchinhas.

Prendi os cabelos do jeito que ele gostava, numa longa trança, lavei o rosto com água fria para camuflar o inchaço do pranto de dor e rumei pelas ruas repletas de alegorias coloridas, entrei no metro e logo, estava diante do seu abrigo provisório. Anunciei minha chegada, mas fui impedida de subir ao apartamento, sendo informada que esperasse ali mesmo. 

Chovia e assim, meu penteado se desfazia perdendo todo o encanto. Mais de meia hora, ele apareceu vindo da saída dos fundos, nada confortável como a minha inesperada presença. Com os seus cabelos úmidos, tentava lavar a noite clandestina para disfarçar o cheiro da alcova. Mesmo assim, senti seu odor impregnado de outrem.

- O que você quer ? (disse se fazendo de rogado).
- Precisamos conversar. 
- Você já almoçou ?
- Não. Há dias não tenho apetite.
- Então, vamos almoçar. Tem um restaurante logo ali.

Caminhamos pelas ruas como dois desconhecidos. O restaurante era bem popular que servia comida à peso. Ele não me olhava nos olhos e tinha um olhar contrariado, serviu-se primeiro sem a menor delicadeza de um cavalheiro.

Iniciei o meu pedido de reconciliação, numa súplica doída, para que voltasse para casa e nos desse a oportunidade de recomeçar, pois eu estava sofrendo muito com o nosso rompimento e o perdoaria da infidelidade. 

Com um semblante titubeante, imaginei que ele fosse ceder. Afinal, sempre fui uma leal companheira e sempre me mantive ao seu lado em seus momentos mais difíceis. Porém, sua arrogância de súbito levou sua indecisão e, arguiu que ainda não era o momento e precisava de um tempo.

Na minha ingenuidade, não percebi que o tempo requerido era mais uma das formas de se preservar ao debate e se livrar de mim sem gratidão.

As lágrimas corriam pelos meus olhos, sem que eu conseguisse disfarçar a dor que vinha do âmago. Mas, sua reação foi firme, e nem todo o meu sofrimento estampado naquele pranto lhe causaram qualquer tipo de empatia. Não havia mais afeto, carinho ou qualquer tipo de sentimento. Tanto que me deu as costas e amarguei sozinha aquela dor da rejeição deixada na esquina da rua.

No caminho de volta, soluçando sozinha àquele abandono, me lembrei dos nossos desentendimentos, aos quais bastavam um semblante de pequeno sofrimento dele, registrado em seus olhos para que me comovesse. Não suportava me sentir autora de suas dores, e por muitas vezes, mesmo não sendo culpada me desculpava para evitar qualquer tipo de dor.