... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

domingo, 27 de novembro de 2011

O gozo das paixões...

"Falta apenas o golpe da graça
- que se chama paixão."
Clarice Lispector

O mar estava calmo e uma brisa morna adocicada acompanhava meu caminhar vagante. A cada passo na aspereza da areia fresca, pontuava meus pensamentos em pequenas e esfuziantes lembranças da noite passada. Era, uma mistura de preenchimento do meu coração cansado pelas tantas tentativas de ocupação, com uma breve saudade, cuja emoção me provocava sorrisos solitários.

Naquele balanço das ondas quebradas no caminho, era difícil manter o equilíbrio pelas melodias que somente eu desfrutava, num pequeno aparelho que me conectava a estética reservada para cada momento vivido. Lembrei-me das paixões afogadas do passado, numa nostalgia que se apagava pelos raios de sol daquela manhã fulgurante.

Aquela liberdade me alimentava o narcisismo refletido no espelho d'água. Completamente solta, ia quase flutuando pela leveza da minha alma preenchida pelas paixões. O que pesava antes, era o vazio e, me deixara inerte pregada no limbo, afundando as esperanças.

Aos trancos e barracos ressurgi para aqueles momentos felizes; do cheirar meu pescoço me provocando arrepios, do toque da mão na minha pele macia, dos dedos deslizando pelos meus cabelos, dos olhares penetrantes que invadiam meu interior, dos lábios delirantes na troca das salivas geladas, do tilintar dos cubos de gelo do brinde, do dedo na boca para calar o medo, dos abraços apertados... E, ia revivendo-os pela trilha marinha.


Pois é, meu coração agora, apresentava todas as suas gavetinhas dos cofres emocionais, abertas, para cada paixão errante que completasse aquele vazio. O amor, talvez, fique guardado no baú empoeirado para sempre. E, assim, que a melancolia me chamar, vagarei nas lembranças longínquas do pretérito imperfeito. C. Garcy

sábado, 26 de novembro de 2011

O Adeus de Flora... E, a Chegada de Anna !

Flora já fazia parte do meu inconsciente, como diria Freud e Jung...



Sonhei com aquela Mulher Absurda de Camus que não suportou a frustração de perder Ed, quando na verdade nunca o teve. Assim, como Nina, nunca fora capaz de detê-lo e aprisioná-lo em suas teias cartesianas.

Flora era o subterrâneo dos desejos efêmeros de Ed, em sua fragilidade emocional e descontrole diante das adversidades. Embora, diante daquele delírio de personalidade, ela era capaz de revelar um dos segredos mais profundos dele, que procurava a todo custo esconder, a fragilidade e insegurança de ser aceito. Pois, apesar de sua brutalidade e agressividade, existia um Ed frágil, camuflado e descontente. Assim como, da coragem que escamoteava seu temor diante da vida.

Nina lhe manipulava com sua doçura e falso conformismo, totalmente enigmática, aflorava em Ed a dúvida de ser aceito. Haja visto, que nunca a perdoou pela morte de Flora, cujo desencadeamento de um remorso tão profundo e doloroso, foi o suficiente para pressioná-la contra a parede na certeza de que jamais Nina abriria mão de seu mundo em face do homem amado.

Assim, Ed se despede de seu Espelho Lacaniano em Nina, no qual refletia sua volúpia de narcisismo. Mas, que como no suicídio de Flora evapora-se como éter, demonstrando que com a dor da culpa amadurecera num só instante.

Talvez, Ed, nunca tenha se dado conta do fechamento de mais um ciclo de sua vida, mas que fora pontual ao prepará-lo para o amor de uma Mulher tão Absurda quanto Flora, compassiva diante das dores do mundo. A legítima Mulher Revoltada de Camus, em que carregava a doçura de Nina, com o glamour compartilhado sem manipulá-lo e, nem lhe exigindo nada que não fosse o amor.

Essa mulher, detinha Ed com toda sua insegurança, porque seu coração conseguia abrigar todos os seus medos e fragilidade. Uma mulher culta e de vanguarda, ao avesso de ambas amantes que não foram capazes de adentrar nos meandros daquele homem frágil e viril.



Chorei por Flora, afinal todos temos um pouco dela...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

25 de novembro... Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher !






"Atroz contradição a da cólera; nasce do amor e mata o amor." Simone de Beauvoir





Quantas mulheres são vítimas de violência e, nem se dão conta. É o olhar reprovador, o comentário maldoso, a situação de constrangimento, as grosserias, as cobranças sexual como obrigação e os afazeres do lar, o ciúme infundado como coação da liberdade...

É no subterrâneo da violência psicológica que incide o assédio moral, aonde mulheres são indefesas e vulneráveis. Sendo, destituídas da dignidade como indivíduos, apagadas em sua auto-estima e sufocada pelas ameaças.

E, preocupadas com a família, se calam, amargurando culpas absurdas impostas pelos seus algozes. Mas, essa violência se estende aos filhos, adoecendo-os psicologicamente. Portanto, o homicídio ou a surra é o último estágio de uma violência contumaz velada, embotada e contínua que paralisa as vitimas.

Assim, seguem solitárias em seus sentimentos abrindo mão de seus desejos, objetivos e planos individuais, em troca da ilusória condição do esteio familiar. (C. Garcy)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A incapacidade do invejoso...


"É a zona obscura na qual a nossa maldade consegue ir adiante e corromper os pensamentos mais puros. A inveja é um sentimento em encruzilhada, um ponto de trânsito aonde se chega de outras experiências e do qual se parte para atingir outros sentimentos." (F. Alberoni in Os Invejosos)

"A inveja é o sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável – sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo. Além disso, a inveja pressupõe a relação do indivíduo com uma só pessoa e remonta a mais arcaica exclusiva relação com a mãe." (M. Klein in Inveja e gratidão)

Há pessoas que são incapazes de nutrir sentimentos genuínos, de amor e compaixão. Portanto, sua baixa-estima e seu recalque são o combustível para invejar dos desavisados que caem como presas na teia desses indivíduos desprovidos de afeto.

Assim, não se contentam em almejar as qualidades e as virtudes de suas vítimas, necessitam caluniar e difamar os invejados, inventando as mais absurdas mentiras até arruiná-los. Mesmo, cientes de que nunca terão competência de possuir o objeto desejado.

Silvia é uma dessas pessoas que não contente em retirar de Claudia o objeto invejado, ainda quer ir além, numa contínua perseguição incessante. Não lhe basta a vitória do furto, ela deseja mais e mais... É como se quisesse a alma da outra, daí a sua incansável idéia fixa de tomar o lugar de Claudia.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

As vezes, num caminho sem destino nos deparamos com supresas inesperadas...


"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." 
Clarice Lispector



Caminhando aleatoriamente, numa tentativa de distrair a solidão, deparo-me com aquele olhar penetrante. Abrimos um largo sorriso preenchendo as saudades dos encontros de outrora, os braços se abrem para um abraço apertado. Posso sentir o perfume cítrico amadeirado com um frescor intenso, como de um mergulho no âmago. A satisfação da surpresa é correspondida de imediato, através do brilho dos olhos negros de Yuri.

Um ano, havia se passado desde o nosso primeiro encontro no mesmo lugar. Ele permanecia com a mesma aparência primaveril de um encantamento sutil e abrangente, apesar da idade. Eram tantos assuntos esperando pelo compartilhamento das idéias que precisamos de horas que não foram suficientes, deixando uma brecha para outros encontros.

Sedutor e elegante nos elogios, meu ego subiu às alturas como de uma adolescente carente, e vinha aquela sensação de completa plenitude. Em sua generosidade inesgotável, mesmo ciente da nossa divergente posição moral, não é o suficiente para afastar a força de nossa afinidade. 

Trocamos confidências catárticas das nossas dificuldades vividas, das frustrações, das dores da alma e ainda, dos nossos relacionamentos fracassados. Mas, também, falamos dos planos almejados, com troca de aconselhamentos.

De uma sensibilidade pontual, revelou-me que habito seus momentos oníricos, aonde permaneço presente em seu inconsciente durante esse tempo, desde que nos conhecemos. Sublimando assim, a minha ausência física. Acho que não há paixão, mas amor na maneira mais genuína como forma de amizade.

Por mais que as pessoas, se aproximassem nos cumprimentos, Yuri não desviava o olhar sequer de mim. É como se eu estivesse sendo velada por admiração. Vez enquando, aproximava dando-me as mãos, num gesto de carinho com um sorriso terno. E, portanto a noite transcorreu num instante... Na despedida, outro abraço apertado prolongado, com promessa de mais assuntos para outra vez.

Nada é por acaso...

"Em sua obra "Psicopatologia da Vida Cotidiana", Freud mostrou que os atos cotidianos de esquecimento, "falhas" e transposição de palavras, não são inteiramente "acidentais" e revelam muito mais do que os atos normais. Um "ato falho" tem um valor revelador de algo inconsciente que o paciente teima em ocultar. Resulta sempre de uma "falha" de seu poder de controle e de simulação.

Ato falho (parapraxia) — Em psicanálise, atos falhos são um conjunto de fenômenos que se produzem no momento em que um indivíduo se exprimir ou proceder diferentemente do que tenciona fazer. (...) Para Freud os atos falhos são formações de compromisso, que nascem da oposição de duas tendências ou intenções concorrentes, uma das quais é manifesta (ou aparente) e a outra é latente (ou inconsciente). Através do ato falho o indivíduo resolve este conflito, manifestando de maneira deformada a tendência latente." (História das Psicoterapias e da Psicanálise de Nelson Valente)
 
Por duas vezes seguidas, Alfredo esqueceu seus objetos pessoais no seu antigo lar conjugal, quando da visitação aos filhos. Partindo do princípio desses esquecimentos, pode-se analisar a questão do ponto de vista dos atos falhos desse homem arrependido agora, lançando sinais para a ex-mulher abandonada.



Todavia, não se trata de qualquer objeto irrelevante e, sim de um objeto necessário e significativo. Pois, Alfredo deixou para trás duas vezes a "necessaire" contendo produtos de valia útil para a sua vaidade. Foram deixados um aparelho de barbear e instrumentos de colagem  dentária para seus  provisórios do tratamento de implantes. Insignificantes, se não fossem tão importantes, eis que uma das suas maiores preocupações era justamente a da aparência.

Talvez, a questão ligada tanto a face, quanto a boca, fosse uma tentativa de dizer algo à Sandra. Isso, correlacionado a quem deu de presente aquela necessaire, em que ele não estivesse mais satisfeito.

Como se não bastasse, ainda foram esquecido uma calça e roupa íntima. Numa frontal mensagem de que Alfredo procurava equilíbrio junto à Sandra e, que a questão sexual ainda, travava um desencontro entre aquele ex-casal.

Na verdade, existe um desejo oculto que traz no esquecimento do jeans e da cueca uma defesa do ego, representando algo ainda conectado ao passado que não está totalmente resolvido. Pode-se imaginar, que Alfredo sinta-se desequilibrado pela falta do casamento, com relação ao sentimento de Sandra e, também demonstrando que não está feliz em sua vida sexual, desejando novamente a ex-mulher.

No contraponto, o esquecimento de seus pertences de higiene pessoal, seja além de se sentir impuro, sujo, uma maneira de dizer que Sandra é pura e limpa. Diversamente de seu mundo longe daquele lar.

Efetivamente, os laços entre ambos continuam ligados e há uma demonstração de marcação de território, junto ao objeto do desejo, o Outro, ou seja, Sandra.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O homicídio psicológico...

"Quando se trata de discutir a verdade (...). Os protagonistas dificilmente resistirão à tentação de recorrer a outros meios, mais efetivos, que não a elegância lógica e o poder persuasivo de seus argumentos. Em vez disso, farão o possível para tornar os argumentos do adversário inconseqüentes, de preferência inaudíveis ou, melhor ainda, jamais vocalizados, pela desqualificação daqueles que, se pudessem, os vocalizariam. Um argumento que tem grande chance de ser apresentado é o da inelegibilidade do adversário como interlocutor pelo fato de ele ser inepto, mentiroso ou inconfiável, malintencionado ou claramente inferior. (...) a recusa em conversar pode passar por um sinal de que se "tem razão", mas para o lado oposto a negação do direito de defender sua causa que essa recusa acarreta, e conseqüentemente a recusa em reconhecer seu direito de ser ouvido e levado a sério como um portador de direitos humanos, constituem as maiores afrontas e humilhações — ofensas que não podem ser aceitas placidamente sem que se perca a dignidade...

A humilhação é uma arma poderosa — mas do tipo bumerangue. Pode ser usada para demonstrar ou provar a desigualdade fundamental e irreconciliável entre quem humilha e quem é humilhado. Mas, contrariando essa intenção, ela de fato autentica, verifica a simetria, a semelhança, a paridade de ambos." Zygmunt Bauman in Amor Líquido



Era tão difícil discutir a verdade com Renato, sem a distorção dos fatos, por conta da sua desenfreada manipulação em me imputar a culpa, a fim de justificar suas inúmeras mentiras e traições. Mesmo, diante de todas as provas indubitáveis de sua farsa, ele não hesitava em me acusar e negar seus casos extraconjugais contumazes. Sempre, me induzia, a erro como se eu fosse a louca ou a delirante. Evitando contundentemente, me ouvir ou conversar sobre o assunto.

Abatida, sem auto-estima, magoada e esgotada num pranto infindável, escuto o veredicto da Dra. Samira:

- Entenda de uma vez por todas, Clarice, sua situação foi de um homicídio psicológico doloso, ou seja, intencionalmente, era para ter consequências bem piores. Até que você foi forte em ter conseguido sobreviver a essa situação doentia de insalubridade psíquica do Renato. Nesse caso a mentira compulsiva é um sintoma de uma patologia.

O Casamento como uma instituição do Amor...

"Raramente, ou melhor, nunca um casamento evolui a um relacionamento individual de forma serena e sem crises. Não há conscientização sem dores" C. G. Jung in Sobre o Casamento


"A sexualidade normal como uma vivência conjunta e aparentemente de mesma diretriz fortalece o sentimento de unidade e identidade. Esse estado é definitivo como harmonia completa e louvado como uma grande felicidade ("um coração e uma alma"); e com razão, pois o retorno àquele estado inicial de inconsciência e unidade sem consciência é como um retorno à infância (daí os gestos infantis dos enamorados) e muito mais, como um retorno ao regaço materno, aos mares cheios de pressentimentos de uma plenitude criadora ainda inconsciente." C. G. Jung in Sobre o Amor

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Aquele sofrimento se curava com as dores...

"Existe apenas um único problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida significa responder à questão fundamental da filosofia" Albert Camus in O Mito de Sísifo



Aquela angústia estava novamente lá, me sentia impotente diante dela, culpada quando a preenchia em lapsos de falsa alegria. A compulsão literária me disfarçava o fracasso que entre páginas e mais páginas, livros e mais livros, a procura desenfreada de uma explicação para o tormento da alma.

Quanto mais me aproximava da razão, mais caía em tristeza. Talvez, não haja cura para essa ferida que ardia o peito com fisgadas profundas. Mesmo assim, eu ia adiante para buscar um possível conforto ou até, uma ilusão alcalina para apagar o ácido corrosivo da dor

Abri a porta, mas o olhar de Elton se dissipou evitando-me o encontro da imagem. Ele entrou como se eu não existisse, ou nunca, tenha existido. No passar dos minutos vem o olhar de encontro ao meu. Mas, era um olhar fitado de ódio, suas pupilas dilatavam de ira transbordando o desejo avesso da minha imagem. 

Aquilo era como um golpe de punhal afiado que esquartejava minha alma. Sua presença nauseante fazia-me sofrer o resto de sofrimento que eu nem sabia que ainda tinha. Não esgota-se a dor com novos sofrimentos. E, ela permanece ali, pungente e ardente, pronta para torturar-me até o limite infindável.

Pensei, como não sou livre para voluntariamente por fim no sofrimento, aquele desejo de finitude não me deixava em paz. Não restava mais nada a fazer contra a angústia da frustração. Não dei certo, não faço falta alguma ao mundo, não preencho sentimentos aos demais, não quero mais existir... A pedra levada ao cume de um peso insuportável, como uma metáfora do esforço incessante de superar as perdas, nunca ficava lá. Ela rolava novamente ladeira abaixo para que eu novamente exausta a levasse ao topo.

Agora, já não tenho mais forças e mesmo em sonho, ela rola desenfreadamente sem que eu consiga alcançá-la. E, vejo como é inútil lutar contra esse destino imposto sem consulta aos meus sentimentos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A minha cegueira vinha do medo da escuridão...



"A escuridão não constitui a causa do perigo, mas é o habitat natural da incerteza – e, portanto, do medo. (...) Outros são de natureza mais geral, ameaçando a durabilidade da ordem social e a confiabilidade nela, da qual depende a segurança do sustento (renda, emprego) ou mesmo da sobrevivência no caso de invalidez ou velhice." Zygmunt Bauman in Medo Líquido



De repente, me deparo com aquele quarto escuro em total ausência de um mínimo ponto de luz sequer. Aquelas trevas me davam medo e logo, percebi o quanto tinha por ainda, temer.

Já não havia mais alguns medos, como andar de metrô, perder alguém, ficar doente e desamparada. Esses foram superados pelo sofrimento vivenciado em sua liquidez e pelo conforto da terapia. Porém, àquela sensação de vazio e pulsão da morte, ainda pairava na mente por alguns estalos repentinos.

A contradição vinha do desequilíbrio das emoções, ora estava em plena harmonia com a mulher absurda suicida cansada pelas frustrações, ora com o pavor da finitude pela ansiedade da felicidade que talvez chegasse um dia.

Que tolice ! A felicidade não chega plena e concreta, ela é abstrata. Pois, são apenas momentos voláteis. Donde regozijo em um simples caminhar contra a brisa marinha ou respirar o aroma verde do campo, num conto literário-filosófico, na arte, no compartilhamento de uma realização de um ente querido, no alcance de um objetivo, num encontro, na troca de beijos apaixonados, no participar da cama, nas datas festivas, no nascimento de um filho e, principalmente no afeto recebido.

Portanto, são tantos breves momentos felizes, mesmo no pretérito que deve ser a escuridão me cegando as lembranças. O medo, é o da nostalgia de não conseguir vivê-los novamente.