... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Quase Pronta...



Em meu refúgio quase exilada do tempo.
Observo a passagem quase estática. 
Aproveito a brisa tépida que leva quase a Primavera.
Já se vai quase mais um ano.
Do qual quase não senti passar.
Mas, estou quase pronta.

A diluição familiar....

"Desde então, no bojo de muitas transformações que provocaram efeitos no desenho das famílias atuais, vemos ruir o primado da solidariedade enquanto fundamento social ou como forma de vinculação com o outro. O problema do outro deixa de ser uma questão comum a todos, o que impede que se possa buscar juntos novas soluções possíveis. A fluidez, a instabilidade, o desvinculo tornam muito frágeis as possibilidades e condições de organização social e política – uma descrença que se generaliza cada vez mais, provocando apatia e desencanto. Essas circunstâncias surtirão efeitos sobre a organização
das famílias e dos casais, inscritos em um mundo em transformações tão aceleradas." (Maria Helena R. Junqueira em Configurações Atuais de Família e Casal)




Mãe e filho, não tínhamos mais o conforto de antes e, as dificuldades financeiras provenientes da baixa de padrão vida, após a separação, desencadeou uma vida bem diferente de quando eram uma família estruturada, dentro dos moldes comuns.

Desta forma, para que o filho pudesse usufruir de uma vida social de acordo com sua idade, a mãe teve que se acostumar com a solidão dos finais de semana e abrir mão de uma vida social para lhe proporcionar lazer. 

Não obstante, a mudança sócio-econômica, ainda teve que preencher a função paterna ausente. Talvez, a mais difícil nesse contexto da família mono-parental. Eis que, os diálogos do filho com o pai se tornaram cada vez mais escassos, em virtude da falta de contato. Restando-os apenas pouquíssimo tempo juntos, não superior a três ou quatro horas do domingo. 

A síndrome do filho rejeitado instaura-se, na medida que esse pai substitui o vínculo paterno, pela intrusão de novo relacionamento clandestino ao vínculo familiar. Evitando contudo, a visitação quinzenal normalmente instituída legalmente. 

Contudo, a casa paterna, não se estende ao filho como alternativa de mais um lar familiar. Abrindo-se uma lacuna da identificação do Édipo com o pai, capaz de enfraquecer tal identificação e diluir afetos que resultam em consequências de egoismo e individualismo.

Nesse particular, o filho ainda, foi obrigado a cuidar da mãe, por conta de uma depressão grave, para que ela pudesse cuidar dele. Transformando o seu afeto em temor de mais um abandono emocional, cujo sofrimento pelo estado solitário, o limitou em seus interesses em relacionamentos afetivos.

domingo, 8 de dezembro de 2013

“Tributo aos Malditos"




"Malditos sejam os artistas de alma,
os poetas rebeldes,
os gênios loucos
que aos quais até a morte
se recusa a abraçar.

Malditos sejam!
Seus segredos e até mesmo seus medos,
que em busca tantos outros homens
enlouqueceram tentando desvendar.

Qual o terrivel pecado que cometeram
para tão tamanha maldição.
O assassinato de suas atormentadas almas?”

Magaiver Welington

Não passou.... Não passará....


"...tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente ! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações ! 

Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã ! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho." (Eça de Queiroz, in "Primo Basílio")


Na última das gavetas a ser desfeita, lá estão alguns sentimentos esboçados, em bilhetes e cartas, no amarelado do papel em tom de pergaminho pelos anos passados. Reli-os cada um com olhos lagrimejantes e uma coriza fluida a escorrer das narinas, pelo passado mofado que desbotou uma união viciada. 

Pouquíssimas vezes, amei intensamente, revigorou-me os meus escritos transbordados de amor, embora unilateral. Não importa, sempre tive coragem em despir-me a alma, ora românticos e carinhosos, ora raivosos e coléricos por algum motivo de rejeição.

Cada móvel, contia em suas gavetas objetos dele, sem valor, nem mesmo sentimental, por isso foram deixados para trás. Nenhuma lembrança do passado lhe foi importante, tanto que ele abandou tudo, absolutamente tudo. Até mesmo, suas roupas ficaram a me torturar preenchendo de maneira simbólica o vazio dele deixado.

Não há como esquecer, não quero deixar para trás, todas as lembranças de um amor que doei e muito preencheu meu ser. Embora, esse amor transformara-se em tragédia, foi vivido intensamente nos áureos tempos da paixão.  

Por isso, estará sempre bem guardado, com cuidado nas gavetas da emoção. Assim, quando saudosa daquele romance desfeito, satisfaço-me com minhas lembranças do passado que não me dói, amenizando um presente sofrido e um futuro perdido.


sábado, 7 de dezembro de 2013

Sem empatia ou remorso... Mulheres são vítimas fáceis da desunião do gênero.


"... sem algum remorso, a culpa sempre era da outra fraca e descontrolada, cujas emoções eram transparentes. Aliás, não entendia de emoções, pouco se importava com os outros, bastava atingir seus objetivos. Não sentia medo, que para si era algo superficial. Tanto que, não o associava a alterações corporais, eis que precisava de adrenalina nas veias para viver, mesmo que fosse através da dor alheia. Esportista, se dedicava às atividades mais radiciais, cujo êxtase era repetir regojizante que adorava sentir dores musculares. Era uma das poucas mães que não se preocupava com os filhos, incentivando-os até mesmo em esportes perigosos. Em sua incapacidade emocional, jamais cultivou compaixão e respeito pelos outros. Mas, sua capacidade pontual de raciocínio cognitivo sabia muito bem representar o que Armando precisava. Principalmente, porque era paciente em escutar as reclamações e se moldar aos desejos dele e a campanha era permanente, afastando-o da função paterna. "


Na competição atroz por relacionamentos, mulheres são cada vez mais usadas e descartadas, sendo mais grave ainda, o desrespeito aos sentimentos das outras mulheres que diante do amor são frágeis e pouco conseguem discernir a perversa trama do patriarcado. 

Amantes investem em relacionamentos duradouros, justamente visando assumir o lugar da outra. E, para tal, assumem uma personalidade capaz de agradar e se submeter aos caprichos machistas, tornando-se inimigas das próprias mulheres. 

Com isso, os homens cada vez mais escravizam emocionalmente as mulheres. Utilizando-as como objetos, principalmente na esfera sexual. Dentre muitos casamentos de longa data, assim como há a curva hormonal feminina, há também a curva masculina. 

Mais familiarizadas com a natureza das ebulições hormonais desde a adolescência, chegar ao climatério já não é o bicho-de-sete-cabeças. Envelhecer atualmente, não começa na fase balsaqueana, mulheres de quarenta ou cinquenta continuam plenas em seus projetos. Mas, em compensação, os homens não sabem lidar com isso. 

Triste realidade, quando os homens chegam aos cinquenta e, no temor da perda da virilidade começam os problemas conjugais. O apetite sexual começa a exacerbar as fantasias, as perversões e as cobranças. Se a mulher for atraente e tirar suspiros por aí, a insegurança toma conta da paranoia desejante da infidelidade.

Justamente, àquelas escapadelas aventureiras inofensivas desses homens no decorrer do casamento, agora com a andropausa, são capazes de gerar dúvidas em relação à mulher. Assim, começa o ciúme desmedido que se disfarça de amor, mas que na verdade é apenas um sinal de que não há confiança mais. 

Desta forma, o cinquentão inseguro que fantasia ser traído pela mulher com outro mais viril ou mais bem dotado que ele, então, começa a levar a sério o caso extra-conjugal com a desculpa de que a mulher não o ama mais. Assim, confidencia suas inseguranças, os defeitos da mulher, seus anseios e expectativas. Um prato cheio, para a amante se adequar ao modelo que o convém. 

Desesperada pela estabilidade emocional, se adapta perfeitamente ao molde esperado. Aí, as fantasias sexuais e os elogios inventados são capazes de levantar a auto-estima do cinquentão inseguro. 

Portanto agora, ele se sente o mais viril de todos e se vinga da mulher, abandonando a família, incentivado pela amante que ocupa o lugar que julga ser seu. Bastou para que anos de cumplicidade do casamento caia por terra. 


Decepção com a figura do Pai...

"Cada grão de uma tristeza tem vinte sombras que se parecem com a própria tristeza, mas não a são. 
Pois os olhos da tristeza, embaçados por lágrimas que cegam, partem em muitos o que é inteiro.
Como perspectivas que olhadas de frente mostram apenas confusão e que de viés distinguimos formas, assim vós, doce majestade, olhando de viés a partida de vosso senhor,
Mais que ele vedes formas de tristeza a lastimar -  as quais, se bem-vistas, são apenas sombras do que não são." (A tragédia do rei Ricardo II, Ato II, Cena II. Tradução livre.)

"... um melancólico não tem consciência do que perdeu no objeto perdido. O melancólico não é fundamentalmente o sujeito fixado no objeto perdido, incapaz de realizar o trabalho do luto sobre ele; é antes o sujeito que possui o objeto, mas perdeu seu desejo por ele, porque a causa que o fazia desejar esse objeto se retirou e perdeu sua eficiência. Longe de acentuar ao extremo a situação de desejo frustrado, a melancolia ocorre quando finalmente obtemos o objeto de desejo, mas nos decepcionamos com ele.

Nesse sentido preciso, a melancolia (decepção com todos os objetos positivos, empíricos, nenhum dos quais pode satisfazer nosso desejo) é o início da filosofia. Uma pessoa que, durante toda a sua vida, está acostumada a viver numa certa cidade e é finalmente obrigada a se mudar para outro lugar, sente-se, é claro, entristecida pela perspectiva de ser lançada num ambiente novo - mas o que a deixa triste ? Não é a perspectiva de deixar o lugar que durante anos foi o seu lar, mas o medo muito mais sutil de perder sua afeição por esse lugar. O que me deixa triste é a crescente consciência de que, cedo ou tarde - mais cedo do que estou disposto a admitir -, vou me integrar numa nova comunidade, esquecendo o lugar que agora tanto significa para mim e sendo esquecido por ele. Em suma, o que me deixa triste é a consciência de que perderei meu desejo pelo (que agora é) meu lar.

O status desse objeto-causa de desejo é o de uma anamorfose. Uma parte da imagem que, olhada bem de frente, aparece como um borrão sem sentido, assume os contornos de um objeto conhecido quando mudamos de posição e olhamos a imagem de viés. A ideia de Lacan é ainda mais radical: o objeto-causa de desejo é algo que, visto de frente, não é coisa alguma, apenas um vazio: só adquire os contornos de alguma coisa quando visto de esguelha." (Dificuldade com o Real - Slavoj Zizek in Como Ler Lacan)

Quando o filho quebra a figura paterna que teoricamente seria a lei, no elo familiar, abre-se um vazio. E, é nesse particular que se instala a carência afetiva, da qual em certas etapas da vida faz-se a diferença. Jovens que passam pela ausência repentina do pai por motivo de falecimento; sofrem com a perda fazem o luto, mas os que a perda são decorrência de abandono, separações e não o farão, consequentemente essa decepção com a ida do pai embora trará melancolia. 

Contudo, abre-se uma brecha capaz de aumentar o distanciamento, eis que no estado melancólico esses filhos se isolam em decorrência da decepção com a figura paterna. Importante estar atento para os sinais de alerta, cuja procura em simples telefonema ou convites para alguma atividade já demonstra uma tímida tentativa de aproximação. 

Passado desapercebido tais sinais, por pais que estejam envolvidos em outros projetos, sejam novo casamento ou demanda de trabalho, muitas das vezes esses jovens encontram outras formas de preencher o vazio paterno com álcool ou drogas. 

Assim, como a imagem da lei, ou seja, do pai fora desconstruída, lidar com a realidade da rejeição traz melancolia, os jovens buscam na fantasia evitar a dor. Portanto, esteja atento aos anseios afetivos dos filhos, para evitar prejuízos emocionais irreversíveis.