... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Quando a dor é insuportável o sofrimento pede libertação...


Há memórias que precisam ser esquecidas porque senão a mente adoece a tal pouco de enlouquecer. Enlouquecendo porque o sofrimento é tão agudo a ponto de não suportar mais a dor pungente. Aí, posso me jogar do nono andar para me libertar. Há também, memórias que não são apagadas e ficam acumuladas no interior enlouquecendo as células a se reproduzirem desordenadamente a procura de libertação. Não enlouqueci, mas o abismo interno se abre em mim. Assim, são as dores incuráveis que se perdem pelo sofrimento infinito. 

Não há felicidade que dure se alimentando do mal...

"A felicidade é só estar em paz consigo mesmo, olharmos para nós e recordar que não fizemos muito mal aos outros." José Saramago



Era inconcebível àquilo que me fizeram. Sem direito à defesa, tramaram pelas minhas costas o golpe certeiro. Não satisfeitos, em me ferir gravemente, ainda se justificaram através da covardia caluniosa e difamatória. 

Enquanto, eu absorta, diante de tanta crueldade, ainda indagava,  por quê ? O que eu teria feito para ser punida desse jeito ? 

À ela, absolutamente nada. Nem a conhecia. Mas, não importava. Ela era cúmplice dele. E, ele era a pessoa que mais me conhecia e que compartilhava da minha vida. Então, por que ele me odiava tanto ?

Talvez, porque sua essência sempre foi usar e abusar dos meus sentimentos até sugar à última gota. Daí, quando se viu entediado sem mais nada para me retirar foi buscar em outras fontes energia para se bastar. 

Tamanha é sua insatisfação por não conseguir vínculos que se vingou de mim por não saber amar. Provavelmente, segue em seu vazio que jamais será preenchido.

Minhas perguntas seguiram sem respostas. Nada justificava tamanha crueldade. As feridas ainda sangram, mas sobrevivi por teimosia. Enquanto eles, se alimentam das mentiras inventadas. Mas, há uma nova questão: - Como serão felizes depois de todo mal que me fizeram ?

Certamente, a felicidade jamais poderá acontecer se há fantasmas à lhes assombrar. Pois, o mal sempre cobra seus débitos.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Sozinha, apenas acompanhada da Solidão...

Fui sozinha ao médico sem você. 
Saí sozinha, sem você a me esperar. 
Caminhei por horas sozinha, sem você para me guiar.
Chorei sozinha, com meu medo sem você.



Estou sozinha, sem saber se vai doer. 
Ficarei sozinha, sem certeza de viver. 
Sou sozinha, sem você.
Pois, sozinha tenho apenas solidão.

domingo, 5 de abril de 2015

Angústia e Liberdade...

“... é na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade, ou, se se prefere, a angústia é o modo de ser da liberdade como consciência de ser; é na angústia que a liberdade está em ser colocando-se a si mesma em questão.” Jean-Paul Sartre em O Ser e o Nada




Se tenho na angústia a liberdade. Talvez, seja o temor de estar livre das amarras que me impedem de seguir adiante, para além dos limites. Basta dar impulso para se lançar ao inesperado e ter a coragem romper com a prisão que me fixa inerte. 

A implacável angústia de não ter mais a quem esperar ao anoitecer, sem o precisar das horas na expectativa da chegada é que me assusta. O medo da solidão, que nada mais é bastar-se de mim mesma. Mas, ao mesmo tempo a falta da ansiedade sofrida pelos atrasos, ou, as falsas desculpas para ausência da chegada é que me liberta.

O vazio saudoso não mais preenchido pela chegada de alguém a compartilhar a vida me angustia. Porém, a brisa morna ao caminhar vagarosamente sem destino e prazo marcado para espera me toma de uma regojizante sensação de liberdade. 

Não ter mais a quem dar satisfações de todos os meus passos, desejos e pensamentos, apesar de angustiante me liberta. Pois, agora posso ser autora das minhas escolhas, sem os compromissos emocionais que me tolhiam em transcender. 

Tantas companhias, como a literatura e arte, já me bastam. Mesmo que a solidão me angustie haverá a liberdade das escolhas de querer estar com alguém contingente ou comigo mesma.  

Levaram meu Outono... Deixaram meu Abril vazio.

Do meu florido jardim que emanava beleza, perfumando os ares, atraindo borboletas e colibris, restou apenas a visita de mariposas em busca dos cadáveres florais.


Março fechava seu ciclo iniciando uma nova estação, meu pequeno jardim, embora intensamente florido começava a despontar a tristeza, como se solidarizasse com minha solidão. 

A chuva batendo forte na varanda ia lavando brotos e botões impedidos de florescer, juntamente com minhas lembranças de outros outonos. Em que, a estação se mantinha forte sem desfolhar-se.

Gotas grossas batucavam agudamente em meu peito àquele abril. Porém, nem todos os outonos foram tão sofridos como os de agora.

Meus outonos de outrora eram alegres e sempre floresciam com a chegada de abris em brindes esfuziantes. Havia o amor compartilhado, mesmo que às vezes enciumado da quantidade de abraços e beijos distribuídos com o apagar das velas que se somavam à cada ano.

Agora, eu me misturava em prantos com a chuva do meu outono roubado que levaram meus momentos. Restando então, a melancolia latente de alguém de vivia meus sonhos. 

Meu abril não resplandecia mais, as flores do meu jardim murchavam sem vida e eu já não rejuvenescia mais. Apenas, amargava o envelhecimento a cada outono.

Parecia mentira, mas meus outonos desde então são floridos para quem me tirou quase tudo deixando somente o meu abril em frangalhos.