... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Olhares penetrantes atravessam meu caminho, sem que eu os vissem...

"... Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo. Se sentes saudades do que fazias, torna a fazê-lo. Não vivas de fotografias amareladas. Continua, a pesar de todos esperarem que abandones. Não deixes que se enferruje o ferro que há em você. Faz com que em lugar de pena, te respeitem. Quando pelos anos não consigas correr, trota. Quando não possas trotar, caminha. Quando não possas caminhar, usa bengala. Mas nunca te detenhas."

Camille Claudel



Com dores pulsantes, vou seguindo adiante em passos lentos, às vezes me arrastando; outras vezes me apoiando em bengalas. Mas, sigo adiante, mesmo claudicante  e me despedaçando em sentimentos.

Tropecei com um belo jovem com um triste olhar de maresia que de repente, tentou seguir meu rumo, mudo pisando mansinho sobre meus cacos que são tantos que nem mesmo os catando com cuidado conseguiu evitar de se ferir.

E, assim na intensidade das minhas angústias vou destruindo os incautos que tentam me deter na ilusão de uma paixão... 

 

Lancei-me no branco das telas transformando sentimentos em arte...

''Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.'' Frida Kahlo



Era como se  não coubesse mais dentro de mim tantos sentimentos a me sufocar. Então, me despi da própria monocromia simétrica daquele estado vegetativo de vida e passei a  me jorrar em cores. Retratava nas telas minhas angústias como um auto-retrato inconsciente das minhas dores pulsantes, porém invisíveis aos olhos dos outros. E, eis que me deparo com mundo repleto de tons esfuziantes, em várias mulheres que possuo no íntimo sob outros ângulos. 

São mulheres abandonadas na dor da rejeição que sangram solitárias, outras perdidas num turbilhão de sentimentos confusos que trazem a loucura, tem as que esperam a tempestade passar na ilusão da calmaria e há as destruídas pelas perdas sem qualquer esperança de futuro. Mas, todas estão vivas dentro de mim.

Tantas vezes, fui sabotada e injustiçada pelo falso juízo de valor alheio, que pouco sabia lidar com meu talento em cores ou em minhas emoções genuínas de uma mulher fiel aos princípios afetivos de apenas amar. Um amor leal que era capaz de adiar outros sonhos e se dar em intensidade.

Agora, na minha serenidade vejo que as telas retratam informações preciosas de momentos sofridos no âmago da minha solidão. Mas, que me trazem a libertação de tantas amarras do passado, do qual nada de rancor restou. Assim, decoro meu presente repleto de cores chamativas como forma de desenhar uma nova vida à vista. Se haverá algum futuro, não sei. Mas, somente me reconstruo com dignidade de enfrentar tantos fracassos que me adoeceram, embora sempre sonhando com a cura para resgatar toda alegria furtada.