... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Motivos de dor...




Motivos para chorar
Tenho muitos
Que de tanto 
Chego a me afogar
Em meu próprio pranto.

Motivos para sorrir
Nenhum
Levaram todas 
Minhas alegrias.

Porém, por vezes 
Pego-me rindo 
Da minha própria 
Desgraça.

                                                                                                                                        C.Garcy

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A hora de Virginia...


"Melancólica caminha nua identificada com o corpo do passarinho a se desligar da vida e com os dantescos pedaços de carne crua a se dissolverem em nossas bocas. Virginia não gosta de comer, já trás dentro de si o fastio não digerível da cegueira alheia que aumenta com pão e pedra o buraco, sem fundo, de nossa verdade inexata.

Passeia distante, desatada das mãos que a tocam, avessa de si, pela outra margem da vida.

Seus dedos e seu olhar tocam o vento e as flores e transformam em palavras o que percebe nas águas claras do rio. Há de se ter sabedoria para entender a alma da Mulher, que sem corpo, só com língua, constrói o mundo ao seu redor.

Virginia é muda. Escreve e cria seus personagens dando vazão ao seu olhar comprido. À longa distância percebe, com sua real e vermelha dor, o leito transparente de leite." (As Horas de Stephen Daldry)

O despejo da alma...

"Separações e mudanças são muito difíceis, principalmente quando você é pega de surpresa. Imaginar que alguém escolhido para dividir uma vida íntima, com planos e projetos futuros quebra o contrato do amor é uma decepção, jamais compreendida." C. Garcy



A ordem de despejo vem concretizada pela intimação e logo, começa o pânico de deixar para trás todos àqueles anos de um lar. Aos poucos, a ansiedade toma conta pelas tantas e infinitas visitas para uma nova moradia. Foram se construindo expectativas simbólicas não concluídas. 

Contudo, chega o momento de encaixotar lembranças de um casamento findo. Olho para a casa quase nua e choro pelos momentos vividos, como os momentos futuros interrompidos. A pressa da transportadora não se sensibiliza com a nossa vida ali desmembrada. 

Levo comigo minhas dores e, no desarrumar das caixas repletas de lembranças revejo registros de uma vida compartilhada de sonhos que não se realizaram. As fotografias de momentos felizes, durante nossas comemorações das datas alegres, os bilhetes amarelados das juras de amor eterno, as cartas movidas de paixão numa das brigas de ciúme, as roupas deixadas já mofadas, os desenhos do nosso filho fruto daquela paixão desmedida que me fez jogar para alto outros planos. 

Cada objeto trás uma história, nossos lençóis rotos que insisti em guardá-los como se pudesse detê-lo em nossa cama. Nem mais o cheiro adocicado do perfume misturado ao suor dele restou. Sofro a ter que me desfazer dos nossos laços representado em cada mobiliário da casa, agora enxuta e tão pequena como meu coração atrofiado pelas perdas. 

Sinto uma solidão insuportável e uma estranha na casa ainda desarrumada. Tudo ficou para trás, sem que ele se sensibilizasse com as mudanças. É como se um imenso alívio transbordasse seu âmago. Até a família não existe mais, o desprendimento do vínculo paterno se faz notório, trazendo mais abandono e dor. 

Olho pela tela da varanda e sinto uma angústia incomensurável, como se estive num cárcere pagando por um crime que não cometi. O abandono afetivo, junto com o desamparo me levam a clamar por findar todo o sofrimento que não sou capaz de suportar. 

Estou paralisada numa tristeza difícil de acreditar pela infelicidade que se tornou minha vida. Furtada de todo afeto e compaixão, não existo mais. Apenas, vegeto nesse novo lugar que me entristece no vazio do esquecimento como uma roupa surrada jogada fora. 

Sou uma estranha do meu próprio destino provocado por alguém que não conheço mais. Despejada da alma e esquecida num apartamento de fundos no anonimato de uma relação sem vínculos. Dos quais somente restaram as minhas lembranças.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Nunca diga ao deprimido...



6 coisas que você nunca deve dizer à uma pessoa em depressão

A depressão é uma patologia com consequências muito abrangentes, o que nos leva à necessidade de agir com extrema cautela ao lidar com seus portadores, à fim de não piorar o quadro. É um fato comprovado que aproximadamente 15% da população mundial terá uma depressão forte em algum momento da vida. E essa é uma doença extremamente perigosa, que, em muitos casos, leva inclusive ao suicídio, e não deve ser confundida com uma tristeza momentânea.

O tratamento deve ser sempre administrado por parte de profissionais da área psiquiátrica, mas nada nos impede de colaborar das maneiras que nos são acessíveis, certo? E uma delas seria passar a prestar um pouco mais de atenção nas coisas que, através dos mais diversos meios de comunicação (às vezes um simples bilhete, ou um recado na caixa postal) levamos à mente dessas pessoas.

Por conta disso, o Macaco preparou para você uma lista com 6 coisas que você deve sempre evitar falar para uma pessoa que realmente esteja sofrendo um quadro de depressão. Vale o aprendizado!

6. “POR QUÊ VOCÊ NÃO VAI DAR UMA VOLTA?”

Tá, você realmente acha que o que impede uma pessoa em depressão de ir dar uma volta na rua é o fato de ninguém ter dado essa idéia antes? O problema aqui é que boa parte da depressão se resume na dificuldade de seguir o cotidiano que a pessoa um dia seguiu. Num caso desses, até ir na esquina comprar um pão pode se tornar uma complicação. É aquele negócio, não é que ela não saiba o quão bom é dar uma volta e tomar um ar fresco e uma água de côco assistindo ao pôr-do-sol, é que ela está tendo uma dificuldade absurda de forçar uma interação com o mundo aberto sem, digamos, surtar.

5. “ISSO AÍ TÁ TUDO NA SUA CABEÇA.”

Jura, amigão? Quer um Prêmio Nobel por essa astuta observação? Sendo uma condição mental, além de óbvio, não é muito legal martelar e refrescar a memória do seu amigo quanto à isso.

4. “POR QUÊ VOCÊ NÃO SAI MAIS COM A GENTE, CARA?”

Não se sinta ofendido. Seu amigo está em um momento delicado, e isso não quer dizer que ele esteja planejando te trocar, nem se vingar pelo boneco dos Cavaleiros do Zodíaco que você quebrou há 15 anos atrás. Ele simplesmente não consegue sair de casa, e, no exato momento em que você está tomando uma cervejinha e pensando em como ele tá “vacilando ultimamente”, ele provavelmente está trancado no próprio quarto, deitado, acordado, tentando juntar motivação e vontade para tomar uma ducha e trocar essas roupas que ele vem usando já há uma semana. Não é culpa sua, e pressionar não vai ajudar.

3. “PENSE NAS COISAS BOAS DA VIDA!”

Essa é importante, e muita gente não sabe: só porque uma pessoa foi diagnosticada com depressão, isso não significa que ela não saiba identificar quais sejam as partes boas de sua vida, e muito menos que não estejam gratas por elas. O problema aqui é que, por melhores que essas coisas sejam, elas são como pontos nulos no placar jogo da vida para essas pessoas, por conta de sua condição.

2. “TEM GENTE MUITO PIOR QUE VOCÊ.”

O negócio é que outras pessoas terem problemas não costuma ter implicações severas em nossos problemas individuais. Principalmente quando estamos tratando de uma pessoa que está tendo uma imensa dificuldade em colocar as coisas sob uma perspectiva só e regular suas reações. Na verdade, uma pessoa depressiva ao ouvir isso só vai se sentir culpada por estar tendo um problema psicológico que, por mais que ela se esforce, não consegue controlar. E geralmente isso acaba deixando ela mais pra baixo ainda, então cuidado!

1. “VOCÊ PARECE OUTRA PESSOA.”

É isso. O ápice, o número um, o rei da lista, o top do ranking. Jamais diga isso para um depressivo, pois na verdade, esse é o medo mais intenso preso na garganta dele, e o que você fez foi puxar isso bruscamente para fora. De um modo abrupto, cru e violento. A verdade é que isso não é novidade nenhuma pra quem sofre de depressão. Os próprios convivem com essa incerteza, e o medo de que nunca vão conseguir reverter as transformações que vêm acontecendo ultimamente, e nunca serão “normais” novamente. O medo de que todas as coisas que eles gostavam sobre si mesmos já não fazem mais parte de suas vidas. O medo de que as pessoas não sejam mais tão próximas à eles quanto eram antes. E ao dizer isso, parabéns, você basicamente acaba de confirmar todos esses medos na cara de uma pessoa cujo estado mental está mais caótico do que nunca. Nunca diga isso, dói mais do que você imagina. Fale o que quiser, mas NUNCA use “eu não te reconheço” e seus derivados. Uma pessoa depressiva precisa acreditar que alguém ainda sabe quem ela é. Ela usa isso como uma corda para se segurar e não cair um abismo, coisa que você só entenderia com clareza se sofresse também de um quadro de depressão. E acredite, você não quer isso.