... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Mulheres que sofrem com seus Homens...


"Uma das violências mais perversas que possa existir para Mulher é a psicológica e, esta, está no seio familiar acarretando feridas que jamais poderão ser cicatrizadas."  



Foram tantas as violências sofridas pelo próprio companheiro que Amanda jamais conseguiu se curar. Sendo destituída de sua dignidade e destruída em sua auto-estima. Desta forma, suas feridas permanecem abertas. 

A Violência Moral, geralmente se dava por insegurança do próprio parceiro pelo ciúme e possessividade, na qual consiste em injúrias, calúnias e difamação. Muitas vezes, Amanda foi injuriada pelas acusações fantasiosas de que tinha algum relacionamento extra-conjugal ou estava apaixonada por outrem. E, como se não bastasse, tais acusações eram levadas às calúnias e difamações perante familiares e amigos. Mesmo, ela nunca tendo conduta desta natureza.

Na Violência Sexual, ela era assediada constantemente mesmo quando não desejava realizar o ato sexual por qualquer motivo de cansaço de um dia de trabalho, preocupação de um problema, desinteresse dado a alguma grosseria ou injúria pelo companheiro. Muitas vezes, culminava em cobranças às altas horas da madrugada com ameaças de procurar por outras mulheres para fazer sexo, como se Amanda fosse obrigada a satisfazê-lo sempre que este desejasse.

Não obstante, o assédio sexual envolvia ainda, intimidação de perversões sempre com a desculpa de que ela não o amava se não as realizassem e com ameaças de procurar outras parceiras.

Neste processo de violências, moral, sexual, vem a violência psicológica em que as consequências são irreparáveis, causando-lhe dano emocional e prejuízo ao seu desenvolvimento psíquico com marcas por toda a vida que culminaram em uma depressão profunda e dificuldade de se relacionar afetivamente novamente. Além, da impossibilidade de trabalhar.  

A agressão se estende também, aos filhos, quando este homem nega participação na criação dos mesmos, abandonando-os afetivamente. Deixando a encargo exclusivo de Amanda, tanto as tomadas de decisões como os cuidados em momentos difíceis de enfermidades.

Diante de todas as constantes cobranças e ameaças, Amanda ainda era impedida veladamente de exercer a plenitude de sua profissão, quando falsamente o companheiro demonstrava incentivá-la, mas era inquirida porque demorava muitas horas no ambiente de trabalho sem muitos clientes para atender. Desta forma, ela vai se anulando e perdendo a auto-estima, sendo alienada num aprisionamento sem qualquer perspectiva de crescimento profissional. 

Por conseguinte, esta mulher desenvolveu a síndrome de pânico e vive em constante temor pelo futuro incerto quanto a sua sobrevivência. Restando incapacitada de exercer suas próprias atividades. Aí, se instaura a Violência Patrimonial, em que o companheiro a abandona e começa a levar uma vida financeira bastante confortável, diferentemente da que proporciona antes à família. Justamente, com outra parceira que era fruto de seu relacionamento extra-conjugal, e é cúmplice juntamente com o agressor, assediando moralmente Amanda. Assim, qualquer conduta que demonstre a retenção e subtração de bens totais ou parciais que deveriam ser comunicados à companheira, é considerada violência patrimonial. 

Contudo, Amanda foi privada de usufruir o conforto da propriedade dos bens que estão sob a posse única do parceiro, apartamento, automóvel, viagens e lazer. Sofrendo o desamparo financeiro.  

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A Mulher Despejada...

"Se vivermos durante muito tempo, descobrimos que todas as vitórias, um dia, se transformam em derrotas." Simone de Beauvoir



Fazia um ano que havia perdido meu lar e poucas foram as vezes que retornava àquele bairro em que vivi os muitos anos felizes. Agora, estou caminhando pelas ruas que tanto andei ao destino do meu lar. É primavera e as flores estão a colorir os caminhos quentes pelos raios que transpassam as árvores que tanto me sentei aos bancos da praça, enquanto meu filho corria crescendo rapidamente a cada ano. Por tantas vezes o esperei no retorno da escola com aquele sorriso estampado no rosto ao avistar-me. Os abraços apertados, a vigília a pouca distancia das suas brincadeiras com as outras crianças, os sorvetes negociados e a hora de voltarmos para o almoço ou o jantar. A minha volta do trabalho, quando era ele que me avistava de longe e corria ao meu encontro, o pai que estacionava o carro e vinha ao nosso encontro... Todos esses momentos ficaram num passado longínquo que jamais voltará, a não ser na saudade.

Sinto um nó na garganta que dá vontade de chorar, mas respiro fundo e sigo adiante deixando para trás tudo já vivido. Aperto o passo e vou em outra direção com todas as lembranças a me perseguir, numa angústia misturada a raiva de ter perdido meu chão, minhas histórias e aquele tempo que agora, pertence somente à mim na nostalgia. É impossível não ressentir-me por ter sido obrigada a não poder compartilhar mais daquela morada.

Vislumbro alguns conhecidos de longe e mudo de calçada fingindo que não os vejo para evitar o encontro e cumprimentos. Na verdade estou tão derrotada que não há nada de bom para conversar. Assim, como não quero invejá-los por não conseguir lidar com meu despejo. A esta altura o pranto é inevitável e foge ao controle. Não consigo chegar a agência bancária e resolver as pendências que estava disposta a solucionar. Sento-me em outro banco da rua pelo esgotamento emocional e fico absorta pela melancolia que me devora os pensamentos.

Penso em ir logo embora dali, mas não tenho forças para me levantar e sair. Não sei quanto tempo fiquei neste estado. Quando de repente, vejo do outro lado da rua alguém do meu passado parado me olhando e vindo em minha direção, mais uma vez finjo não ver e salto rapidamente em busca de algum abrigo que me tire dali. Porém, mal sucedida sou alcançada e não consigo enxugar minha lágrimas a tempo de disfarçar minha tristeza. Entretanto, sou abraçada e acalentada soluçando de vergonha, num desabafo silencioso. 

Sou levada sem resistência, mas completamente muda pelo braço, sem me importar com o pranto jorrado. Sento-me com ele num café que pacientemente me observa com um olhar fixo e terno. Bebo um copo d'água que vai lavando aos poucos minha angústia.

Continuo silente e penso numa maneira de sair sem ser vista ou impedida. Detesto esta minha fragilidade e principalmente perante alguém que testemunha meu descontrole. 

Agonia e solidão de Janaína...



A noite vinha a Lua que a impedia de sonhar.
O Sol não brilhava mais em seus caminhos.
Sua tez branca e lívida trazia o vazio das cores.

Janaína estava doente, muito doente.
Mas, tentava resistir as dores que aprisionavam-na à solidão.
Nada mais havia a fazer.
Senão, suportar os fracassos das perdas irreparáveis.

Tiraram-lhe a dignidade e deixaram-na à míngua de sentimentos.
Regozijavam sem culpa ou remorso.
Enquanto, Janaína adoecia.

Levaram o Sol entre estradas e mares.
À Janaína restou apenas a Lua.
Que a observava de longe sem acolhimento.

Dias e noites, Janaína agonizava em seu leito.
Mergulhada dentre lágrimas e soluços.
Sua dor, jamais foi sentida por seus algozes. 

domingo, 5 de outubro de 2014

Busco minha solidão para alcançar minha libertação...


“A raiva residual de antigas feridas pode ser comparada aos efeitos traumáticos de um ferimento por estilhaços. A pessoa pode conseguir catar praticamente todos os pedaços de metal estilhaçado do míssil, mas os caquinhos menores permanecem. Seria de se pensar que, se a maioria foi retirada, tudo bem. Mas não é assim. Em certas ocasiões, esse caquinhos minúsculos se torcem e retorcem, causando uma dor semelhante à do ferimento original (o ferver da raiva) mais uma vez. Não é, porém, a imensa raiva original que provoca esse jorro, mas são ínfimas partículas dela, elementos irritantes deixados na psique que nunca são completamente eliminados. Eles causam uma dor que é quase tão intensa quanto a do ferimento original. É assim que a pessoa se retesa, temendo o golpe violento da dor e, de fato, gerando mais dor. Eles se envolvem em manobras drásticas em três frentes: uma que tenta conter o evento objetivo; uma que tenta conter a dor que se espalha, a partir do antigo ferimento interno; e uma terceira que tenta garantir a segurança da sua posição mergulhando de cabeça numa posição psicológica de defesa. É demais pedir a um único indivíduo que enfrente o equivalente a um bando de três e tente nocautear todos eles ao mesmo tempo. É por isso que é imperativo parar no meio de tudo isso, recuar e procurar a solidão. É demais tentar lutar e lidar ao mesmo tempo com a sensação de que se foi atingido nas vísceras.” Clarissa Pinkola Estes in Mulheres que Correm Com os Lobos: Mitos Histórias