"Nesse aspecto, o nome do pai, cuja ‘verdadeira função' é ‘unir (e não opor) um desejo à Lei', longe de gerar a culpa, mais faz tamponá-la. Essa é a tese que explica realmente o fato de a culpa só se elevar à certeza delirante nos casos de psicose, precisamente onde falta a mediação paterna" (Colette Soler in O que Lacan dizia sobre as mulheres)
"Era como se eu estivesse naufragando naquela imensidão, exaurida a ponto de submergir até as profundezas da solidão. Assim, quando aquele sufoco estava quase me asfixiando e eu conseguia me impulsionar até emergir para um único sopro de ar, algo me empurrava novamente para o fundo escuro. Não havia nada que pudesse me ajudar, nem mesmo ninguém por perto para me dar a mão e contraditoriamente muitos para pisar minha cabeça e me fazer afundar. A cada vez que conseguia vir à tona vinha a tormenta. Era tanta escuridão e desamparo que evitava respirar na entrega de tudo se acabar..."
Aquelas palavras em forma de expressar todo sentimento de Sandra, me tocou a alma. Aquele semblante pesado, envelhecido e com os olhos opacos mirando o além, demonstram a dor de uma mulher abandonada. E, por fim, ela fechou: "Doutora, eu não tenho mais estrutura. Me sinto completamente destruída."
Anos atrás, Sandra esbanjava alegria e beleza, com seus longos cabelos negros exalando um perfume adocicado e sensual. Irreverente e sempre muito falante encantava com seus olhos brilhantes nas intensas reuniões sociais. Jamais, imaginaria que aquela mulher pudesse ficar tão só e esquecida. Agora, Sandra se tornara anônima e vivia num ostracismo de cortar o coração. Talvez, todo sofrimento vivido pelas dores da existência tenha sido duro demais para Sandra e a fez surtar.
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