"Melancólica caminha nua identificada com o corpo do passarinho a se desligar da vida e com os dantescos pedaços de carne crua a se dissolverem em nossas bocas. Virginia não gosta de comer, já trás dentro de si o fastio não digerível da cegueira alheia que aumenta com pão e pedra o buraco, sem fundo, de nossa verdade inexata.
Passeia distante, desatada das mãos que a tocam, avessa de si, pela outra margem da vida.
Seus dedos e seu olhar tocam o vento e as flores e transformam em palavras o que percebe nas águas claras do rio. Há de se ter sabedoria para entender a alma da Mulher, que sem corpo, só com língua, constrói o mundo ao seu redor.
Virginia é muda. Escreve e cria seus personagens dando vazão ao seu olhar comprido. À longa distância percebe, com sua real e vermelha dor, o leito transparente de leite." (As Horas de Stephen Daldry)
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