Os filhos já estavam criados e formavam suas famílias e na minha situação de mulher sozinha, me cabia, além das obrigações rotineiras de sobrevivência, estar solitária com meus pensamentos. Os tempos eram difíceis, eis que não havia mais a divisão de tarefas e, tampouco a aliança de solidariedade como antes.
Minha vida, embora limitada de prazeres por conta do orçamento apertado, ainda existia livros na estante a serem descobertos, filmes para assistir ou rever e também, havia a música que preenchia meus vazios e me fazia reviver momentos do passado.
Por várias vezes, meu lazer se rendeu as exposições, palestras e seminários gratuitos. Em épocas festivas de feriados, me restava a solidão doméstica e hoje preparei uma sopa com os poucos ingredientes que sobraram da última compra, mas a apreciei com gratidão de poder me alimentar dignamente.
Não são raras, as mulheres que como eu vivenciam a solidão, pois criaram seus filhos, dedicaram-se à um casamento na plenitude de seus melhores anos da juventude, enfrentando as vicissitudes de momentos em crise, abdicando da profissão com afinco, se separam e depois a família toma novos rumos.
Viver é uma eterna descoberta e enfrentamento de crises, ora passageiras, ora permanentes... Mas, apesar de tudo, me admiro por minha autonomia emocional, de viver me adaptando a nova realidade. E, acima de tudo, me completar com a minha própria solidão.
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