"Não sou o tipo de mulher a quem se mente. Orgulho
imbecil. Todas as mulheres se julgam diferentes; todas pensam que certas coisas
lhes não podem acontecer e todas elas se enganam.” Simone de Beauvoir em A Mulher Destruída
Era verão, quando no aconchego da sala de estar Carlos me olhava vagante e indagou se por acaso eu pensava em deixá-lo. Imediatamente retruquei em negativa e tive a impressão que ele estava inseguro. Pois, eu estava num bom momento profissional e de autonomia pessoal, o que por vezes o devia afetá-lo pelo temor da minha perda.
Em tempos remotos, numa de nossas crises até pensei em deixá-lo por conta de suas aventuras extraconjugais. Embora, ele sempre as negassem e inclusive me ameaçava em caso de divórcio. Porém, eu sempre consertava nosso casamento.
Contudo, novamente, no final do verão ele repetiu a mesma pergunta, mas com um olhar menos afetuoso me levando a responder calmamente da impossibilidade quase que absoluta quanto a me separar dele. Afinal, passamos por tantas coisas juntos desde crises internas e externas, doenças e agora estávamos mais tranquilos. Imaginei ingenuamente que Carlos estava enciumado e na minha tolice tive compaixão dele, quase beirando uma culpa sem dar motivos.
Depois, seu comportamento se tornou agressivo e distante. Ele passou a chegar tarde em casa, sempre insatisfeito e arrogante. No outono, ele me deixou por uma amante. Fiquei destruída.
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