Que refresque o calor e perfume o ar
Que irrigue e molhe apenas o que pode crescer
Lá vem a chuva. Espero que seja amena para inundar e suave para refrescar. Já gostei mais do sol quando era jovem e alegre. Agora, na solitude tenho apreciado os dias chuvosos na esperança de lavar minha alma amargurada pelo sofrimento.
Por vezes, me pego caminhando vagarosamente sem rumo deixando o meu pranto se misturar nas gotas caídas em meu rosto que escondo com a maquiagem. É como se quisesse tirar a máscara para voltar quem fui. E, com olhos borrados pelo rímel parece que sou obrigada a enxergar a triste realidade do presente.
Pessoas se abrigam nas marquises dos prédios, outras se protegem com seus guarda-chuvas estampados ou monocromáticos, há quem corra ou aperte o passo na tentativa de fugir. Mas, eu a aceito de bom grado seguindo o caminho perfumado pelo cheiro de terra molhada.
Não existe mais quem me espere em casa, apenas encontrarei a solidão com o vazio de mim mesma atormentada pelos fantasmas da derrota. É uma vida desbotada pela lavagem da chuva.
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