... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

No leito de morte...


 
No dia em que eu estiver no meu leito de morte

Faísca que se apagou -,

Acaricia ainda uma vez meus cabelos

Com tua mão bem-amada

Antes que devolvam à terra

O que deve voltar à terra,

Pousa sobre minha boca que amaste

Ainda um beijo.

Mas não esqueças: no esquife estrangeiro

Eu só repouso em aparência

Porque em ti minha vida se refugiou

E agora sou toda tua


[Hino à morte]-Lou Salomé

sábado, 21 de janeiro de 2012

"Quando você me deixou... Quase enlouqueci"


Sempre que somos surpreendidas com um adeus, daquele que escolhemos para compartilhar nossas emoções e sentimentos, daquele que entraram nossa vida à dentro e trocamos juras de amor, daquele que dividimos a cama e nos entregamos de corpo e alma... Vem o desespero, a baixa-estima, a dor aguda e o sofrimento insuportável. 


"Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você."



Então, nos deparamos com tantos outros que estariam dispostos a nos amar e participar das emoções. Mas, o coração encontra-se como um campo minado, repleto de um vazio dilacerante que a cegueira não nos permite enxergar. E assim, esperamos uma oportunidade a mais com aquele que nos faltou...


"Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim."



Contudo, vamos sobrevivendo, apenas e pelo simples fato da campainha tocar e aquele alguém arrependido volte. Por isso, demonstramos rejuvenescimento, uma falsa felicidade a qualquer preço sempre com as intenções de chamar a atenção daquele desejante. E, perguntamos:


"Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz."
(Chico Buarque de Holanda in Olhos nos Olhos)


Pura ilusão, aquele alguém suporta sim e principalmente, para se livrar de vez... Mas, se não suportar ? Será que quer voltar ?


domingo, 15 de janeiro de 2012

Da angústia neurótica ao delírio psicótico... Para não sucumbir à dor.

"A experiência trágica e cósmica da loucura viu-se mascarada pelos privilégios exclusivos de uma consciência crítica. É por isso que a experiência clássica, e através dela a experiência moderna da loucura, não pode ser entendida como uma figura total, que finalmente chegaria, por esse caminho, à sua verdade positiva; é uma figura fragmentária que, de modo abusivo, se apresenta como exaustiva; é um conjunto desequilibrado por tudo aquilo de que carece, isto é, por tudo aquilo que o oculta. Sob a ciência crítica da loucura e suas formas filosóficas ou científicas, morais ou médicas, uma abafada consciência trágica não deixou de ficar em vigília." (Foucault)


A solidão da alma me é insuportável, o sofrimento daquela realidade não era falso. Embora, mentisse a mim mesma que amanhã tudo passaria. Mas, na manhã seguinte a dura realidade lá estava, inerte e permanente, me levando ao total desamparo. E, assim persistiu por várias manhãs...

Já não tinha mais forças para continuar aquela tortura incessante do meu espírito atormentado, numa tentativa desesperada em suportar aquela dura realidade de um sofrimento infinito, passei a delirar...

A loucura está a espreita, pronta para o acalanto na defesa da dor pulsante que me fere. Aturdida e visivelmente em estado de choque, sigo pelas ruas desconhecidas, diversas do meu trajeto habitual. Buzinas e freadas me martelam os ouvidos, mesmo em total ausência de consciência, cujo meu semblante atônito atesta o furto de meus sentimentos, caminho tortuosamente.

Assim, sigo sem direção, com a visão monocromática da cegueira histérica, meus gritos surdos contidos me provoca um nó na garganta a ponto de sufocar, a pressão aguda no meu peito irradia pelo estômago provocando náuseas, os tremores dos membros inferiores me fazem cambalear, até que o cansaço me leva a um banco qualquer de uma praça e permaneço estática até  desidratar em prantos.

Perdida na grave desilusão, embotada, me encontro frontalmente em pânico diante do turbilhão dos temores em pensamentos. Não vou suportar ! Estou enfartando !

De repente, o tocar do telefone, num instante me desperta. Ouço do outro lado da linha: O que está acontecendo ? Aonde você está ?
- Não sei, respondo entre soluços.
- Calma ! Respire fundo e tente se situar.
- Estou morrendo.
- Me diga uma rua pelo menos, que estou indo lhe buscar.

(C. Garcy)

Relacio... namentos...

“Ninguém consegue tolerar uma aproximação íntima demais do próximo”  


“Os dados da psicanálise mostram que quase toda relação afetiva íntima de certa duração entre duas pessoas – casamento, amizade, relações entre pais e filhos – contém um depósito sedimentar de sentimentos de aversão e hostilidade, que só escapa à percepção em decorrência do recalque”  (Freud in Psicologia das Massas)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Harmonia... E, de repente vem um bonde e me quebra ao meio !

''Algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. Tudo era misterioso e havia algo oculto; adivinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. Se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente - como um relâmpago iluminado a Terra!


Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.'' Frida Kahlo

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Àquela falta...

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
Clarice Lispector

domingo, 1 de janeiro de 2012

O Natal mudou...

"... a família nuclear é o ponto exato da origem do eu – o locus no qual e a partir do qual podem começar a narrativa e a história do sujeito. A família, que até então fora um modo de situar 'objetivamente' o indivíduo numa longa cadeia cronológica e na ordem social, passou a ser um evento biográfico, carregado simbolicamente por toda a vida e capaz de expressar de modo singular a individualidade. Por ironia, ao mesmo tempo que os alicerces tradicionais do casamento começavam a desmoronar, a família retornou com plena força para assombrar o eu, só que, dessa vez, como uma “história” e um modo de contextualizá-lo, de situá-lo numa trama. A família passou a desempenhar um papel ainda mais crucial para a constituição de novas narrativas da identidade, por estar na própria origem do eu e por ser aquilo de que ele precisava se libertar." (Eva Illouz in O amor nos tempos do capitalismo)

O espírito do Natal que era a confraternização da família em reunião de seus membros ao redor da mesa farta mudou. Hoje, com a decadência dos casamentos, as famílias se multiplicam divididas. O que antes significava a casa cheia com a família completa reunida, deu lugar ao consumismo desenfreado, assim como os sentimentos descartáveis.

Pessoas substituem o afeto pelo ser desejante por bens de consumo, tentando completar a falta por objetos e fantasiam o amor virtual nos teclados do computador.

A era contemporânea quebrou o paradigma da libertação feminina, em que os arranjos familiares com seus conflitos dissolveram o amor afetivo, sobrecarregando seus filhos nas situações constrangedoras das datas festivas. Mulheres e homens separados mendigam um lugar nos sentimentos de outras famílias, sendo privados da presença dos filhos nos anos alternados.

Ao ouvir José, num desabafo angustiado característico da carência natalina por ser privado da confraternização da família, pude imaginar como deveria ser melancólico lembrar dos antigos natais em que era casado e desfrutava da companhia dos filhos, juntamente com a mulher e toda a família unida.

Contudo, mesmo a ex-mulher, estar neste ano confraternizando junto aos filhos, talvez no próximo ano será ela que estará angustiada pela ausência de seus filhos. E, seus filhos então, permanecerão todos os natais com a falta de um ou de outro.