"Não era do homem de cinqüenta anos que eu tinha saudade; não era daquele justo sem justiça, de arrogância desconfiada e rigorosamente mascarada, que rasgara meu coração ao consentir nos crimes (...).
Tudo me dilacerava: aquela miséria, aquela infelicidade, aquela cidade, o mundo, e a vida, e a morte."
(Simone de Beauvoir in A Força das Coisas)
Ressuscitada do luto, vagava a leve lembrança de poucos momentos harmoniosos que foram insuficientes ao fiel da balança, aonde a força das coisas pesaram mais intensamente.
Aquele relacionamento não me servia, mas as compensações da casa cheia pela troca de sentimentos da família me bastavam. Foram datas felizes que ficarão sempre no fundo do baú emocional. Em que na bagunça do meu coração resguarda gavetas, a cada membro amado, daquele núcleo conturbado de relacionamento.
Na verdade a ausência daquela união, só se fazia presente nos encontros festivos. Os quais foram capazes de me segurar durante anos a fio, num falso desejo alimentado pelos delírios intermitentes de um dia chegar à Meca da felicidade plena e segura. E, agora, evaporava com a morte do Outro.
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