"É na insônia das cabeças pensantes que ela aparece timidamente... Curiosa... Então, ela, a Lua, se faz companheira das reflexões do dia e testemunha os sonhos do amanhã."
Pintura - Tina Spratt |
Impregnada pelas cobranças da vida, Katyusca, não consegue adormecer, mesmo exausta vira de um lado para o outro na cama. Acende o abajur e tenta ler o livro que está na cabeceira, mas seus pensamentos estão longe impedindo a concentração. Fecha-o e coloca novamente no lugar, então pega seu diário e rascunha escritos de suas angústias vigiada pela lua que se emociona com sua solidão. A chuva a interrompe no desabafo solitário pelas gotas caindo no assoalho perto da janela que a faz levantar e sentir o aroma da terra molhada com o frescor da madrugada. Havia tempos que não se emocionava e a água lavando seu rosto a fez chorar até esgotar todo o pranto contido.
De repente, sua mente se fez vazia e o cansaço da emoção lhe levou ao sono acompanhado das histórias oníricas em que André voltava para casa trazendo um buquê de flores do campo perfumando o ambiente até chegar ao quarto, aonde se amariam intensamente sem nunca mais partir e preenchendo o vazio da saudade. Inebriada pelo sonho não acordou na hora marcada pelo relógio a disparar o alarme e vivenciou a fantasia daquela paixão perdida como se fosse real. Nem mesmo, o compromisso da audiência de divórcio naquela manhã seguinte foi capaz de impedi-la resgatar sua vida de felicidade pretérita. Talvez, jamais acordaria para evitar a dura realidade da vida.
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