"Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.“
Simone de Beauvoir
Simone de Beauvoir
Então,
ela o olhou fixamente cruzou as pernas sensualmente retirou um cigarro do maço
acendeu e tragou intensamente soprando a nuvem de fumaça como se
quisesse apagar a imagem daquele homem impassível que lhe noticiara o
rompimento por pura incapacidade de lidar com a liberdade combinada
desde o início.
Ele na
tentativa de explicar suas razões era inaudível para os ouvidos moucos dela, pouco
interessada perante a justificativa moralista da propriedade privada de
sentimentos.
Pensou para si com imensa decepção. Ora! As regras estabelecidas sempre foram claras, nada de cobranças ou compromissos de fidelidade. Agora ele vem me cobrar exclusividade.
Pensou para si com imensa decepção. Ora! As regras estabelecidas sempre foram claras, nada de cobranças ou compromissos de fidelidade. Agora ele vem me cobrar exclusividade.
Decidida, apagou o cigarro com torpeza se levantou abruptamente abrindo a porta e num tom áspero determinou:
- Fora!
Não preciso de explicações.
-
Entenda Cléo. Não tem nada a ver com você. Sou eu que não consigo lidar com
suas normas...
- Pare!
Não me interessa. Vai viver sua fantasia compromissada. Se mudar de ideia
volte.
Irritado
por não conseguir o contraditório saiu a passos pesados sem olhar para trás
porque seus olhos já apontavam lágrimas a ponto de se derramarem envergonhadamente.
Era fraco diante daquela mulher que não tolerava dar satisfação de suas
escolhas e, portanto não admitia quem tentasse lhe roubar a liberdade.
Ela
fechou a porta e passou o trinco dirigindo-se para o quarto. Ligou o som em
alto volume e pôs-se a cantar a estrofe “Quem chorou, chorou. E tanto que seu
pranto já secou...”. Alheia ao toque da
campainha pelo arrependimento dele que insistentemente tentou a volta em vão,
chorou a rejeição. Pois, apenas queria momentos de felicidade sem
compromisso. Gostava da causalidade das surpresas quando ele aparecia em busca
de sua companhia, do sexo fortuito sem promessas no amanhecer.
Porém,
ele sentia-se inseguro diante da clandestinidade daquela relação que o atormentava,
quando muitas das vezes ela se ausentava em recebê-lo. Assim, todos os encontros eram misteriosos
até a chegada. No fundo ele era um homem avesso à liberdade e sentia
ciúmes por desconfiar que ela tivesse outros encontros.
Todavia, somente os compromissos que seduziam aquela mulher madura pela idade e juvenil emocionalmente eram apenas reuniões político-ideológicas em que nada oferecia perigo ao amor que sentia por ele.
Todavia, somente os compromissos que seduziam aquela mulher madura pela idade e juvenil emocionalmente eram apenas reuniões político-ideológicas em que nada oferecia perigo ao amor que sentia por ele.
Na
verdade, sua opção sentimental se dava pelos traumas do passado nos romances mal
sucedidos. No entanto, ao conhecê-lo permitiu o compartilhamento de sua cama
aleatoriamente quando sentia desejo. Saciava-se com o peso do braço envolto
em seu tronco pelo abraço, após o orgasmo e ouvir o ressonar dele adormecido em satisfação,
sem querer saber nada da vida dele ou de algum futuro para não se iludir, bem
como não permitia que lhe indagasse sua vida.
Era uma
mulher intensa e libertária demais para a compreensão dele, cuja despedida no
dia seguinte sem planos para um próximo encontro o angustiava. Enquanto ela, preenchia
o vazio pelas lembranças sem expectativa de futuro.
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