... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

sábado, 30 de abril de 2011

Outros olhares...

"Amar é dar o que não se tem para alguém que não quer” Lacan


Já era noite e o vazio da solidão me inquietava. Da janela do nono andar do edifício entra uma brisa suave e morna que me chama para fora. Visto-me simplesmente, um gasto jeans e uma mera camiseta, são o bastante para uma caminhada ao bar e entorpecer o vazio e driblar a solidão.

No bar de costume, repleto de pessoas inquietantes em busca de companhia, o burburinho me soa como um mantra indiano. Encontro alguns amigos e peço minha bebida favorita, quando subitamente cruzo o olhar a um rosto conhecido que me fixa profundamente e lanço um curto cumprimento distante.

No sorver do álcool vem àquela vontade da nicotina. Dirijo-me à calçada para fumar e sou abordada timidamente por Antonio, que apesar de me observar atentamente consegue o momento da aproximação.

Após as perguntinhas básicas..., nos lançamos numa conversa profunda que sutilmente fez-me refém dos assuntos mais interessantes, teologia, filosofia, antropologia... até chegarmos à psicanálise e as teses existencialistas que adentram nos sentimentos.

Possuidor de uma cultura invejável e muito inteligente, tantas foram as afinidades que me encantei por seu olhar fixo que penetrava no meu âmago. As horas passaram rápidas, até demais, que fechamos o bar e o dia estava prestes a raiar.

O contato se manteve diário por telefonemas e as mensagens carinhosas perduraram na semana. Outros encontros subseqüentes e enfim, estávamos flertando feito dois adolescentes, cantando pelas ruas nas madrugadas, risos e gargalhadas ecoavam ao céu aberto.

Eram tantos assuntos, que minha humilde cultura não acompanhava as vastas informações. Antonio, além de muito intelectualizado, era belo e tinha um ar jovial, apesar dos cinqüenta anos bem vividos. Delicadeza seria a melhor palavra para defini-lo. Foram alguns meses muito agradáveis, apenas em trocas platônicas, em que nos desnudávamos inconscientemente em contatos oníricos.

Todas as manhãs ouvia o bip anunciando as mensagens carinhosas ao celular. Aquilo era fundamental para iluminar meu dia. Só que quem ama demanda ser amado, então Antonio dava aquilo que não tinha para dar à mim que não queria. Por mais que definíssemos o amor e a paixão, o fantasma de José me atormentava, impedindo-me à entrega.

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