"Quarenta anos. Quarenta e um. Minha velhice germinava. Espreitava-me no fundo do espelho. O que me deixava estupefata era que viesse a mim num passo tão decidido, enquanto nada em mim estava de acordo com ela." (Simone de Beauvoir in A Força das Coisas)
O tempo parecia não haver passado, ainda permanecia um leve frescor na pele alva do meu rosto. Meus cabelos continuaram longos, o que me causava um ar jovial. Apesar de alguns quilos a mais, minha silhueta se mantinha na agravável estética que provocava suspiros masculinos. Eram homens da minha faixa etária, os de meia-idade e, até os jovens que por incrível que pareça se encantavam com a minha beleza ignorada.
Minha idade sentimental não ultrapassava o tempo debutante, donde as inseguranças e as incertezas ansiavam por uma paixão. Na mendicância de sentimentos; eu clamava por mãos dadas ao caminhar, pelas pipocas dividas na sessão cinematográfica, pelos afagos à minha pele, pelo carinho dos cuidados e principalmente pelo aconchego dos abraços.
No entanto, a desilusão adentrou na minha vida e me fazia sentir uma idosa de oitenta anos. O divórcio me trouxe uma viuvez emocional, em que meu companheiro permanecia vivo e negava preencher todo meu vazio que açodava minha velhice.
Por mais, que não aparentasse os meus mais de quarenta anos, a finitude do amor me furtara os sonhos.
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