"O indivíduo, na sua angústia de não ser culpado mas de passar por sê-lo, torna-se culpado."
Soren Kierkegaard
Já havia um longo tempo que jazia minha alegria de viver. Meu semblante insosso vagava pelas ruas sem rumo. Os dias eram frios e sombrios, sem qualquer diferença entre o crepúsculo matutino ou vespertino. Os batimentos cardíacos se alternavam de vagarosos a galopantes, sem qualquer sinal emotivo repentino. Apenas, a literatura niilista e contos pessimistas me tomavam a atenção.
Meu sofrimento já estava cansado de me castigar e, cada vez mais, era inútil lançar das pílulas delirantes que não amenizavam meu padecer. O escapismo das emoções felizes de outrora, me deixara a psiquê vazia. Esse vácuo comprimindo meu peito, latejava de dor o âmago extenuado pela falta.
Mas, a falta extirpara minha essência, o desamparo ali estava, e me sufocando as entranhas. Não sabia lidar com àquela perda, a culpa me ardia como brasa, o pranto esgotado em vista do fracasso me aprisionara a alma, agora tão angustiada e, que por vezes fora tão livre, flutuante e leve como uma pluma voando sem destino.
Ora ! Aquela culpa à mim imputada pelo abandono do outro, não era minha, senão o significante da sua própria culpa refletida no espelho.
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