Se não me amas mais
Não pises em meu pranto.
Se não me queres mais
Não chutes meu desejo.
Se não me vejas mais
Não fures meus olhos.
Se não me suportas mais
Não apague minha luz.
Deixa-me com minha dor
Saia como entraste
Tua culpa fará teu sepulcro.
(C. Garcy)
Havia algumas poucas roupas esquecidas no armário. Todos os dias abria a porta da lembrança, mesmo que fosse para sentir o aroma acre mofado. As camisas penduradas de tantos momentos vividos e presenteadas em datas especiais, os ternos intactos das noites alegres e uma íntima vontade de agarrá-los.
Por muitos dias e meses, chorei nesse armário, afaguei teu lugar vago, senti o pouco do cheiro que sobrou de você. Havia ali, um resto dos anos deixados para trás. Uma pequena esperança da volta. Mas, Jorge não as haviam esquecido. Estavam lá somente para se fazer presente, caso quisesse voltar.
Com o novo rumo, casou e não possuía mais laços em voltar. De súbito abriu o armário e levou sua permanência para outro alguém. Corri até a porta e com um nó na garganta o vi partir. Seu último olhar era para nunca mais voltar.
Chorei muito a solidão e a imagem daquele olhar de quem jamais me amou. É triste a agonia de uma espera sem sentido, donde nada voltará como antes.
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