Virgínia Woolf
Era uma sensação terrível de impotência que me paralisava a concentração, como se houvesse uma sombra negra sempre presente que atormentava minha alma. A vergonha do fracasso, a luta perdida por anos no enfrentamento da melancolia me ardia o peito, sobrecarregado de mágoas e àquela dor persistente nunca me deixava.
Durante os dias o cansaço era insuportável, e nas noites eu florescia na solidão dos meus desabafos mudos. Não conseguia, suportar as mínimas atividades ou responsabilidades que fossem. Qualquer trajeto fora de casa era tão árduo e pesado que se esvaiam minhas forças. Mais, uma tentativa sem êxito e me culpava cada vez mais pelo transtorno da depressão. Procurava caminhos diversos, a fim de não encontrar pessoas conhecidas. As contas não paravam de chegar, a humilhação da mendicância me tirava a dignidade.
O isolamento na caverna escura da solidão era minha segurança. Já não havia qualquer possibilidade que fosse suficiente para amenizar todo àquele sofrimento contido na iminência da loucura. Talvez, a loucura seja a defesa mais lúcida para suportar a insatisfação e o vazio deixado pela desilusão. Nada preenchia o vácuo deixado ao lado esquerdo da cama, ora compartilhada no pretérito mais que perfeito. O presente inexistia e tampouco, haveria futuro.
Todo o desamparo vivido era a realidade de que eu estava sozinha, sem ninguém nesse mundo. Tudo estava do avesso. Nada mais valia a pena...
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