"Todo amor é recíproco, mesmo quando não é correspondido...
Eu te amo, mesmo se tu não quiseres” Lacan
Na madrugada, o telefone toca e meu coração dispara, ao outro lado da linha num pranto tão doloroso e compulsivo está Laís que sofre a separação de mais um casamento. Sua dor é tão intensa que posso senti-la em mim, num profundo aperto em meu peito.
Entre soluços desesperados daquele âmago embotado, inutilmente, lanço-me de palavras na tentativa de confortar Laís, apesar de desconsideradas pelo seu estado lancinante de dor diante da perda do seu amado. Mesmo indefesa, consigo ao menos ganhar tempo e mantê-la na linha telefônica, a fim de evitar uma possível tragédia.
Tão sensível e digna de compaixão, àquela mulher vivia um caos psíquico sem forças para enfrentar mais uma dura perda. Em que totalmente entregue, fora capaz de se despir de todos os seus sonhos e planos íntimos para doar-se despretensiosamente ao amor inconsequente de uma paixão fulminante.
E, no dia seguinte, depois do seu adormecer com ajuda dos barbitúricos, cá está Laís maltratada pela ausência de Cesar. Posta na solidão, são nítidas as marcas do abandono. Reicindindo assim, em outra grave depressão capaz de perdurar até sua internação em uma clínica psiquiátrica.
Apesar da frustração, Laís não se deixa amargurar e com pulsos cicatrizados volta à tona, num otimismo utópico de uma sobrevivente do caos lançando a máxima: "O amor sempre vence !".
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