... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O vazio se preenche com aventuras...

"Se o desejo quer consumir, o amor quer possuir. Enquanto a realização do desejo coincide com a aniquilação de seu objeto, o amor cresce com a aquisição deste e se realiza na sua durabilidade. Se o desejo se autodestrói, o amor se autoperpetua" Zygmunt Bauman in "Amor Líquido".



Após os casamentos desfeitos, amigas de longas datas, se reunem e inevitavelmente trocam confidências. Sofridas e envelhecidas trazem as marcas da decepção. Foram casamentos sólidos por muitos anos e, agora que estão em plena fase do amadurecimento procuram resgatar suas auto-estimas pelas aventuras passeiras. Talvez, seja uma forma de evitar a solidão.

- Por que será que é mais fácil nos entregar sem amor ? O sexo flui mais intenso e independente quando não estamos envolvidas, você concorda ?

- Pode ser, já que não temos mais a obrigação da cobrança e também, pouco nos importamos se seremos julgadas. Acredito que o amadurecimento nos trouxe a liberdade de agirmos sem nos preocupar em criar vínculos. Eu não quero mais compromisso, e você ?

- Também não, se fosse para me relacionar compromissadamente seria com Rodrigo. Agora, que estou separada preencho meu vazio com aventuras e não tenho pudores, com você acontece isso ?

- Querida, o Eduardo sem dúvida foi o meu grande amor, por isso que os dois relacionamentos que tive depois dele não durou.

- O casamento burguês está com os dias contados amiga. Sofremos por acomodação de trazer nas entranhas a cultura patriarcal do medo da solidão. 

- Tem razão, mas o importante é o afeto, a camaradagem, o amor que construímos ao longo do relacionamento com cumplicidade. O que me fez sofrer foi esse rompimento. 

- É, isso não aconteceu comigo, foi mais o desgaste e a falta de liberdade. Pois, Rodrigo não me deixava viver isso. Aí, as brigas e cobranças foram minando o relacionamento.

- Ah ! Eu achava que tinha construído um pacto de liberdade e de individualidade. Portanto, quando se vive numa mentira, a decepção é muito grande. Eduardo, não foi somente infiel, ele ultrapassou todos os limites   comigo, agiu com deslealdade. 

- Pois é, eu não sei viver na mentira e posso imaginar o que você está sentindo. Mas, no seu caso há uma questão de perversidade. Ele demonstrou que não tem a menor amizade por você. Cadê o afeto que você tanto preconiza ?

- Tenho pena dele, sabia ? No fundo é uma pessoa tão solitária e nunca teve amor, portanto não sabe a importância dos sentimentos. E, tenho pena da atual mulher também, que deve estar agora acreditando em todas as mentiras dele. Acabamos fazendo o jogo dele, ambas sofrendo por ele. É impressionante, como as mulheres são desunidas e acabamos sendo muito cruel umas com as outras.

- É verdade, nos subjugamos aos mandos deles, aceitamos as verdades inventadas, nos prostituímos muitas vezes, quando não temos desejo em transar e cedemos para evitar brigas. E, até mesmo com medo da perda. O sexo vai perdendo o sentido se é cobrado e nos deixamos violar, com isso o tesão acaba.

- Mas, tudo passa. Hoje vivo tão intensamente minha liberdade que não me sobra tempo para me dedicar a novos relacionamentos. Só em pensar que posso ler meus livros até de madrugada, me dedicar as minhas atividades políticas, minha ideologia, viajar com os amigos, não ter mais cobranças sexuais, não dar mais satisfações para evitar crise de ciúmes... É o lado bom, de ser literalmente livre. 

- É, mesmo. Não nascemos para ser casadas, somos muito libertárias e pior,  nem temos esse desejo todo por sexo.

- Sexo, no sentido constante e cobrado. Somente quando temos vontade... Risos.

Assim, as amigas finalizam o diálogo em gargalhadas, com mais um brinde das taças cheias de vinho compartilhadas sem hora para acabar. 

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