... Em sentimentos que envolvem o universo feminino, pois “Não se nasce mulher: torna-se.” (Simone de Beauvoir)
A dualidade de sentimentos que envolvem o Universo Feminino.

São tantos os sentimentos em busca da identidade feminina, cujos contratempos das emoções transbordadas vão do êxtase secreto à cólera explícita...

Esse blog é um espaço aberto acerca de relatos e desabafos relativos as alegrias e tristezas, felicidades e angústias... Sempre objetivando a solidariedade e ajuda ao próximo.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Deixou-me apenas a insanidade... Pela dor desmedida.

"Ultrapassar a dor é a pior crueldade. E eu tenho medo disso, eu que sou extremamente moral. Mas agora sei que tenho de ter uma coragem muito maior: a de ter uma outra moral, tão isenta que eu mesma não a entenda e que me assuste." Clarice Lispector


Era tão difícil não conter as lágrimas, diante de tantas incertezas e desamparo, que meu pranto jorrava ácido corroendo meu rosto de tantos sorrisos até o último outono. Jamais havia me preparado para tamanha decepção, perante o golpe mais terrificante da traição a quem confiei minha vida. 

Na tocaia do golpe certeiro, quedei-me incrédula. Uma cólera tomou-me a alma, num grito profundo e agudo transpus minha dor tão intensa e comecei a arrancar meus cabelos. Não se tratava apenas, de um final de relacionamento era muito mais do que isso. Envolvia realizações, plano de vida, sacrifícios e família. 


Enquanto, eu buscava a segurança de um futuro em conjunto, abrindo mão de tantos sonhos individuais, o servia como a mais fiel de todos o cães-de-guarda, sempre o defendia de todas as injúrias alheias por mais verdadeiras que fossem, criava-lhe virtudes que jamais tivera e, assim meu pacto de lealdade estava firmado. 


Todavia, ele vivia em seu mundo impenetrável para a minha existência, tramava pelas minhas costas as mais perversas das traições, caluniava-me aos meus afins para se justificar da tamanha covardia, cultivava desavenças, insinuava-se às minhas amigas, escamoteava as finanças, mentia e inventava situações inexistentes. Levou todos os meus sonhos, furtou-me o patrimônio construído às duras penas, destruiu injustamente todos meus sentimentos genuínos, desperdiçou todos os nossos anos em comum, deixando-me louca e desamparada em meu próprio sofrimento causado por sua crueldade. 

Sua frieza tão estarrecedora, sem culpa ou remorso, ainda se sentia no direito de me pisar até me deixar sem forças para reagir. Todo meu suicídio emocional deu-se por sua vingança desmedida, da qual jamais soube o porquê. Desconhecia algum mal que lhe fizera para dar vida àquele monstro ? Apenas, na minha ingenuidade não conseguira enxergar que vivia com um inimigo impiedoso e, por alimentá-lo diariamente sou a principal culpada por minha cegueira voluntária.

Um comentário:

  1. Apenas Anita, é este o seu nome? A descrição do sentimento que você sente se identifica exatamente com o meu. A incerteza de quantas horas, ou minutos conseguirei dormir a noite, o revezamento entre auto-piedade e sabotagem emocional na tentativa de salvar "dos males o menor" e aceitar falácias do tipo: "ninguém é perfeito", ou, "quem sabe um dia a gente resolva isto" vindos da raspa do tacho de nossa alto-estima adulterada pelo nosso ego ferido, pensamentos que já nem vem a tona direito devido a nossa vergonha de divagar sobre uma traição tão evidente sob o prisma da falta total de amor próprio. Essa situação se parece com um assalto a mão armada durante um passeio a pés de madrugada em um bairro perigoso, além de perdermos as nossas coisas, ainda ficamos com toda a culpa e exemplo de "como ser um otario".
    "Logo nós"que não menosprezmos os caguetes da linguagem corporal, aceitamos as leis do universo, buscamos respostas para reações comportamentais que vão de Platão a Freud.
    Estamos errados. Estamos errados e ponto.
    Se aceitarmos tantos erros por dependencia emocional estamos errados.
    Se remoermos o que aconteceu e deveria estar no passado estamos errados.
    Se não perdoarmos estamos errados.
    Se buscarmos refúgio em um outro amor estamos errados.
    Eu acho que só não estaremos errados se perdoarmos de verdade a pessoa ao mesmo tempo em que liberamos ela de dentro de nós, fazendo um acordo interno de não se envolver emocional ou afetivo com a pessoa ou com os problemas dela.
    Isso até me emociona e ao mesmo tempo me deixa leve por alguns segundos.
    Parar de carregar todo o peso desse odio nas costas.
    Parar de me culpar pela falta de caráter alheia.
    Parar de pensar nas centenas de "mini-vinganças" que atravessam meu córtex cerebral com a velocidade de um raio.
    E finalmente encerrar esse luto SEM a mesma perversão e psicopatia daqueles que nos apunhalaram.
    Um luto-reverso, onde poderemos soltar as nossas mais sinceras gargalhadas de felicidade por estarmos livres, prósperos e felizes de verdade, longe da mesquinhês de pessoas sem virtude alguma, que tiveram como maior resplendor na vida, os dias em que nos vampirizaram e sugaram a nossa energia até a fonte secar.
    Daqui pra frente não faço mais nada por ela, nem de bom nem de ruim, mas vou aproveitar esse raro momento de lucidez para compartilhar com você, minha amiga de dor, que eu tenho certeza que você vai encerrar o seu período de luto oficial com chave de ouro, assim como eu, pois quem busca o conhecimento, jamais será por ele desamparado. Paz e luz

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