"O sofrimento acompanha sempre uma inteligência elevada e um coração profundo. Os homens verdadeiramente grandes devem, parece-me, experimentar uma grande tristeza." Dostoiévski
No alvorecer das manhãs eu adormecia de cansaço no meu próprio pranto por conta de mais uma crueldade desferida à mim. Nos dias subsequentes eu me enterrava num sofrimento profundo que ardia meu peito até não suportar mais tanta dor. Nem mesmo a morte voluntária era capaz de sanar àquela agonia.
Quando se tem sofrimento por não conseguir suportar as desilusões, passamos ao estado de escravidão e nos ajoelhamos diante do algoz. Mas, eu não tinha mais forças para me defender, quiçá enfrentar uma batalha desigual.
Afinal, o meu maior inimigo me conhecia em todas as emoções e sabia aonde me atingir em seu tiro perverso. Em sua ânsia de aniquilamento, não media os efeitos das armas e mal eu começava a me levantar de um tiro, sofria outro.
Sua insana covardia não tinha trégua, era como se minhas derrotas fossem o combustível da vida hipócrita que levava. Cheguei a pensar que sua intenção era acabar com a minha existência física. Mas, não. Ele se alimentava do meu sofrimento e lambia as minhas feridas para que eu continuasse condenada a lhe servir de alvo para todas as suas frustrações.
Como se não bastasse, me acorrentar e chicotear incessantemente, ele queria mais e mais. Regojizava com meus suplícios e toda a humilhação rastejante que me levava ao mais profundo buraco.
Ele me odiava dia e noite, segundo a minuto... Não conseguia se imaginar realizado se não fosse exposta aos abutres. E, assim me intitulou como uma semi-deusa. Pois, ele me feria e não conseguia me matar. Minha imagem era imortal e o assombrava como uma fantasma de toda sua impossibilidade de esquecer-me.
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