"A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah ! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes."
Uma Arte de Elizabeth Bishop
Foram tantas perdas acumuladas, cujo vazio restante jamais pôde ser preenchido novamente. A cada perda abria-se uma ferida em que a pouca felicidade que restava se esvaia. Quando se cicatrizava, outra perda vinha provocando uma hemorragia dos sentimentos.
Na intensidade da paixão almejada perdera a liberdade. Tornando-se uma escrava agrilhoada pela subordinação da validade de sentimentos.
Na busca frenética pela felicidade abstrata perdera tempo demais com o amor, nunca correspondido. Do qual sugara todas as suas forças.
A perda do amor negado, a fizera se ajoelhar e mendigar migalhas de sentimentos descartados.
Tudo foi perdido, não lhe restando nada.
Assim Clara, que não era talentosa em lidar com suas perdas e em decorrência das enxurradas de perdas fora definhando até perder-se de si mesma.
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