"Somos uma sociedade de pessoas com
notória infelicidade: solidão, ansiedade, depressão, destruição,
dependência; pessoas que ficam felizes quando matam o tempo que foi tão
difícil conquistar." Erich Fromm
Saímos daquela sessão de cinema caladas e pensativas, o filme era tenso, mas reflexivo sobre os desencontros nos relacionamentos amorosos. Escolhemos um bar próximo para finalizar o nosso programa de sexta-feira e sentamos na única mesa disponível para quatro lugares. Percebi a emoção estampada em seus rostos, após o filme. Éramos quatro mulheres que vivíamos a solidão de relacionamentos desfeitos.
Conversamos e debatemos sobre nossa situação e parecia que apenas eu não me importava com a vacância de viver sem um relacionamento. Pois, a necessidade do trio em encontrar seus pares era premente e questionavam minha falta de interesse, afinal de todas eu estava um bom período sozinha.
Eu havia me acostumado com as circunstâncias de viver sozinha com as vantagens e desvantagens da solidão. Era confortante a disponibilidade de dedicação à literatura e aos estudos nas noites tranquilas e depois dormir na cama extensa, não ter compromisso adiados pela disputa de atenção, não dar satisfações pelos atrasos ou explicar as ligações dos amigos masculinos. Porém, também havia o desamparo nos momentos difíceis da doença, da solitude, das decisões, da falta de ajuda em uma emergência e até da carência.
Por fim, vieram as combinações de programas para preencher o vazio do final de semana com saídas a procura de alguém em bares ou em lugares movimentados. Então, estupefatas escutaram minha recusa porque pretendia dedicar meu sábado e domingo à faxina da casa, às leituras inacabadas e ao descanso com meu vazio.
Em contestação, uma das amigas exclama que na verdade não consegui ainda esquecer meu ex-marido, por isso não dou oportunidade para novos relacionamentos. Na despedida, respondo que talvez, mas estou aprendendo a me adaptar a saudade. Procuro apenas, armazenar as boas lembranças e já não sofro tanto. Pois, amar também é desapegar.
Em contestação, uma das amigas exclama que na verdade não consegui ainda esquecer meu ex-marido, por isso não dou oportunidade para novos relacionamentos. Na despedida, respondo que talvez, mas estou aprendendo a me adaptar a saudade. Procuro apenas, armazenar as boas lembranças e já não sofro tanto. Pois, amar também é desapegar.