"O que importa quantos amores você tem se nenhum deles te dá o universo ?" Jacques Lacan
Observo atentamente, Miriam sentada de mãos dadas com Ismael numa reunião e os admiro pelo amor compartilhado e pela capacidade de administração emocional dessa relação. Ele é extremamente gentil com ela, lhe serve bebida, abre a porta, cede o lugar e segura sua bolsa. Ela o admira e o defende bravamente.
Tempos atrás, estranhei o fato de Miriam ter amantes. Casada há trinta anos, sente-se atraída pelos romances clandestinos e certa vez, me confidenciou o que os amigos mais próximos já sabiam, não tinha mais uma vida sexual satisfatória com o marido. Pois, o mesmo não tinha o mesmo vigor de antes.
Suspirando na ansiedade de uma viagem próxima com o amante, Miriam me pede emprestada uma mala e pelo olhar percebe minha censura moralista, segurando minha mão me olha fundo nos olhos e diz:
- Jamais, abandonarei Ismael por quem quer que seja. Com ele tive meus filhos, lutamos juntos por nossa sobrevivência, ele sempre esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis e felizes da minha vida. Hoje regozijamos a presença dos netos e a tranquilidade de uma vida confortável. Há várias formas de amar e temos que saber lidar com seus desdobramentos. Sou uma mulher madura, mas ainda tenho desejos adolescentes.
Sorri em cumplicidade, abraçando-a e desejando boa viagem. Afinal, Miriam era livre, mas leal a Ismael.
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