"... a dor exprime o encontro brutal e imediato entre o sujeito e o seu próprio desejo enlouquecido."
"(...) A perda é uma causa desencadeante, o desmoronamento é a única causa efetiva. Se perdemos a pessoa do eleito, a fantasia se desfaz e o sujeito fica então abandonado, sem recurso, a uma tensão extrema do desejo, um desejo sem fantasia sobre o qual se apoiar, um desejo errante e sem eixo. (...)
A dor é aqui uma desgraça que se impõe inexoravelmente a mim, quando descubro que o meu desejo é um desejo nu, louco e sem objeto... a dor é o afeto que exprime a autopercepção pelo eu da comoção que o devasta, quando é privado do ser amado.(...)
É nesse instante de intensa movimentação pulsional que, em desespero de causa, nosso eu tenta salvar a unidade de uma fantasia que desmorona, concentrando toda energia de que dispõe sobre uma pequena parcela da imagem do outro desaparecido; imagem parcelar, fragmento de imagem que se tornará supersaturada de afeto. É então que a dor, logo nascida de um desejo tumultuado, ao invés de reduzir-se, se intensifica." (J.-D. Nasio, in A Dor de Amar).
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