Andando pela cidade
vou seguindo um caminho automático.
A paisagem urbana é cinza,
por isso não me dou conta
de quanto meus olhos
estão acostumados ao vazio.
Sem a mínima perspectiva
não preciso nem olhar o relógio,
já que não há ninguém a minha espera.
Aliás, a impressão é de que o tempo parou
e não existe amanhã ou existirá futuro.
Solidão me acompanha a cada passo vazio
que ao passar pelas vitrines
nem a minha imagem pode ser refletida nos vidros.
Há quanto tempo não me vejo no espelho,
será que ainda vivo ?
Não tenho sede ou fome,
apenas sono para me libertar desse sofrimento.
Mas, nem nos sonhos
sou capaz de escapar da dor
e subitamente acordo angustiada,
amedrontada dos pesadelos reincidentes
que insistem em me acompanhar
como uma forma de me escravizar.
Não há mais nada,
nem o sossego das noites
que se perde nesse turbilhão de amargura
que me seca o íntimo.
Amanhã nascerá outro dia
nublado e cinza,
que já nem sei se é real ou construído
nos meus delírios do vácuo de minha alma.
Novamente, arrastar-me-ei
perdida entre as ruas da cidade
sem rumo ou destino.
E, assim irei atônita vagando por aí...
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